A Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-UNL) tem a decorrer um Barómetro Covid-19, criado para acompanhar diferentes perspetivas sobre o desenvolvimento da pandemia em Portugal e no Mundo.
Uma das áreas em estudo, é um subgrupo dedicado à Saúde Ocupacional, focado nos profissionais de saúde. com o intuito de reunir informação pertinente sobre a atuação dos Serviços de Saúde Ocupacional.
O objetivo “é criar conhecimento científico que possa ser útil para os Serviços de Saúde Ocupacional, para as Unidades de Saúde e para os decisores em políticas públicas de saúde, tendo em vista a proteção dos profissionais de saúde”, indica o Departamento de Saúde Ocupacional e Ambiental da ENSP-UNL.
O último estudo do Barómetro Covid-19 dirigido a profissionais de saúde recolheu entre os dias 2 e 10 de abril, 4.212 respostas a enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos e os profissionais das carreiras laboratoriais quiseram responder.
Dos que responderam a este questionário, 36,7% trabalham em áreas dedicadas ao tratamento de doentes ou suspeitos covid-19, nomeadamente em Cuidados Primários (39,1%), Urgências (31,8%), Enfermarias (21,7%), em Unidades de Cuidados Intensivos (12,6%) e em outros locais (19,5%).
O estudo mostra que mais de 60% dos casos suspeitos de covid-19 em profissionais de saúde não foram submetidos a vigilância ativa e apenas 1/4 realizou o teste nas primeiras 24 horas.
O questionário encontrou 13,6% de casos suspeitos, dos quais 35,1% de enfermeiros e 18,9% de médicos. No entanto, apenas 38,6% foram submetidos a vigilância ativa por parte das entidades responsáveis, os Serviços de Saúde Ocupacional e/ou as Autoridades de Saúde, e somente 40% foram vigiados de forma ativa.
Foram 34,1% os que não realizaram a automonitorização diária dos sintomas, medida que consta das orientações da Direção-Geral de Saúde. Este valor chega aos 46,7% quando se fala no grupo profissional dos Assistentes Operacionais, que são 15% de casos suspeitos.
No que respeita aos testes realizados, dos 73,3% apenas 1/4 realizou o teste nas primeiras 24 horas, tendo quase 30% realizado o teste mais de 72 horas após a suspeição. Dera-se 64 positivos em profissionais de saúde.
Relativamente às condições de trabalho, destaca-se a ausência de apoio dos Serviços de Saúde Ocupacional em mais de um terço dos respondentes (38,4%).
A disponibilidade de equipamentos de proteção individual, como máscaras, viseiras, luvas, etc., é classificada como moderada para cerca de metade dos profissionais (47,7%) e como insuficiente em cerca de um terço (30,5%). Quase metade dos profissionais, considera a disponibilidade destes equipamentos adequada, sendo considerada insuficiente em apenas 24,7%.
Quanto à fadiga apresentada é referida como moderada a elevada por 76,7% dos profissionais que, apesar do elevado nível de pressão em que se encontram (65,1%), ainda se sentem em condições para tomar decisões rápidas no contexto da prestação de cuidados (87%) e afirmam poder contar com um bom suporte dos colegas (84,6%).
No entanto, apenas 2,2% apresentam níveis de ansiedade normais, com mais de dois terços dos inquiridos (68,8%) a apresentar ansiedade acima dos considerados normais.
Pode participar neste estudo, preenchendo o questionário aqui.