Equipa liderada por cientista português avança na compreensão da doença de Parkinson
04 de agosto de 2014
Uma equipa internacional de cientistas, liderada pelo português Tiago Fleming Outeiro, constatou que duas proteínas, associadas à doença de Parkinson, interagem e reagem a mutações genéticas, uma «chave» que pode abrir portas a possíveis tratamentos contra a patologia.
As proteínas em questão são a DJ-1 e a alfa-sinucleína. Sabe-se que alterações nos genes que codificam para estas proteínas estão na origem de formas familiares da doença de Parkinson.
«O que o nosso estudo mostra é que a interação entre as duas proteínas é importante: se houver alterações genéticas numa ou noutra proteína, a interação entre as duas é afetada, e isso contribui para problemas nas células que levam à sua morte», afirmou à agência “Lusa” o investigador Tiago Fleming Outeiro.
A equipa, composta por cientistas de instituições de Portugal, Alemanha, Reino Unido e Dinamarca, socorreu-se de técnicas de microscopia avançada para verificar que a interação entre a DJ-1 e a alfa-sinucleína «é afetada quando estão presentes mutações genéticas que estão associadas à doença de Parkinson».
Tais alterações genéticas foram produzidas em laboratório e introduzidas nas proteínas de células humanas e da levedura (célula simples, facilmente manipulável geneticamente).
O próximo passo da equipa é «identificar drogas ou moléculas que interfiram com a interacção» das proteínas «de forma benéfica», para fins terapêuticos, afirmou à agência “Lusa”.
O estudo foi conduzido por investigadores do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e da Universidade de Gotinga, na Alemanha, em colaboração com cientistas do Reino Unido e da Dinamarca.
Os resultados foram publicados esta semana na revista “Cell Death and Disease”.
A doença de Parkinson é uma patologia degenerativa do sistema nervoso, que se manifesta por tremores, rigidez, instabilidade postural e alterações da marcha.
A Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson explica, no seu portal, que a patologia ocorre quando os neurónios (células nervosas) de uma determinada região do cérebro, chamada substância negra, morrem, sendo que, «quando surgem os primeiros sintomas, já há perda de 70 a 80% destas células».