O congresso anual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, ESMO, acaba de fechar portas em Barcelona. Cinco dias em que foi possível apresentar e debater sobre os últimos desenvolvimentos na área do diagnóstico e tratamento do cancro. E em que a medicina personalizada esteve muito presente.
Uma das empresas que tem estado na vanguarda desta inovação e que a apresentou nestas jornadas é a OncoDNA, especializada em oncologia de precisão para o tratamento do cancro.
A empresa esteve encarregada de realizar o debate ‘Medicina de precisão em oncologia na Europa: sonho ou realidade?’, que abordou o uso das plataformas de sequenciamento de última geração (NGS), biópsias líquidas, financiamento de perfis moleculares de diferentes sistemas nacionais de saúde europeus e a eficácia da oncologia de precisão contra o acesso limitado a medicamentos e sistemas de diagnóstico.
Entre as conclusões que surgiram deste debate entre especialistas, falou-se sobre o impacto positivo da utilização de ferramentas que fornecem mais informações sobre o tumor de um doente usando a menor quantidade possível de amostra (tecido ou sangue). “Neste momento, a maioria dos oncologistas têm de limitar os seus testes devido à baixa disponibilidade de tecido tumoral que têm de cada doente. Em vez de se fazer o teste individual, devemos oferecer fórmulas que permitam multiplexar ou analisar o maior número de marcadores numa única análise”, diz Jean-François Laes, diretor científico e de operações da OncoDNA, além de participante do debate.
Do ponto de vista dos palestrantes, a chegada da biópsia líquida – um campo no qual a OncoDNA foi pioneira – foi de vital importância na oncologia de precisão, embora ainda esteja atrás da biópsia de tecido em termos de utilização na prática clínica.
Apoio ao financiamento
Juntamente com o Dr. Laes, os palestrantes da mesa foram: Dr. Philip Beer, especialista em oncologia de precisão em vários centros públicos e privados no Reino Unido; O professor Özlem Er, chefe do Departamento de Oncologia Médica do Hospital Universitário Maslak-Acibadem, em Istambul (Turquia); Professor Jesús García-Foncillas, diretor do OncoHealth Oncology Institute (Espanha); O professor Marc Peeters, chefe do departamento de oncologia do Hospital Universitário de Antuérpia (Bélgica); e o professor Pascal Pujol, presidente da Sociedade Francesa de Medicina Personalizada e chefe de serviço do Hospital Universitário de Montpellier.
Todos concordaram que é necessário incentivar, de alguma forma, o uso de testes genómicos e biópsias líquidas com faixas de análises cada vez mais amplas na prática clínica diária. Principalmente para conhecer o perfil molecular completo de cada tumor e, assim, poder dar ao doente desde o início da sua doença um tratamento personalizado, com maior probabilidade de sucesso.
Alguns dos presentes garantiram que há uma solicitação urgente da comunidade médica para que surjam iniciativas de apoio financeiro para testes desse tipo. De facto, vários exemplos bem-sucedidos foram expostos, como a Mutualidade Liberal Belga, o projeto MDLUX no Luxemburgo e as companhias de seguros no Reino Unido. “Eles são essenciais para universalizar o acesso e garantir que a medicina personalizada em oncologia não seja um luxo, mas uma realidade para todos”, diz o Dr. Laes.
Novidades no cancro do ovário
Ao longo da ESMO, foram apresentados vários estudos e relatórios nos quais a utilidade dos perfis moleculares no diagnóstico e tratamento oncológico, desde os estágios iniciais, tem sido corroborada. Um exemplo é o de três ensaios clínicos randomizados de fase III, cujos resultados estabeleceram o benefício dos inibidores da PARP como terapia inicial em casos de cancro do ovário. “Nos três ensaios, a sobrevida livre de progressão melhorou, o que foi maior para doentes com mutações nos genes BRCA1/2”, diz Adriana Terrádez, diretora geral do OncoDNA para Espanha e Portugal.
Em primeiro, a manutenção com niraparibe melhorou a sobrevida livre de progressão (SLP) para doentes com doença sensível à platina. No segundo, foi a manutenção com olaparibe combinada com bevacizumabe que fez o SLP melhorar. E no terceiro, essa melhoria foi alcançada adicionando um tratamento baseado em veliparibe à quimioterapia inicial. “Através da nova versão do perfil OncoSTRAT & GO da OncoDNA, que combina o estudo de tecido tumoral (painel de 313 genes) com o de sangue (análise de alterações na linha germinativa), podemos detetar com mais precisão as mutações no BRCA1 / 2 (bem como ATM, MSH2, RAD50, etc.). Informações que são muito valiosas para que o doente possa se beneficiar de tratamentos como os mencionados”, explica Terrádez.
Relatórios semelhantes foram apresentados para o cancro da próstata, como o estudo PRO Found III em que os doentes receberam o inibidor da PARP do Lynparza. Essas mutações também foram detetadas nos BRCA 1 e 2, e também no gene ATM, e, graças a esse tratamento, foram capazes de duplicar o SLP. “Isso demonstra que, mais uma vez, a OncoDNA está novamente na vanguarda, apresentando novidades que rapidamente mudam para a prática clínica com comprovada evidência”, diz a porta-voz da empresa na Espanha e em Portugal.