Especialista: Cortes na prevenção da diabetes podem sair caro a médio prazo 10-Mar-2014 A prevenção continua a ser a palavra-chave quando se fala de diabetes, frisou, na sexta-feira, o presidente da comissão organizadora do 11.º Congresso Português de Diabetes, Rui Duarte, que decorreu em Vilamoura. Aquele responsável alertou para o facto de cerca de 60% dos gastos com a saúde dos diabéticos em Portugal estarem relacionados com o tratamento de complicações e, «quanto menos as pessoas são vigiadas e têm acesso aos cuidados de saúde, mais complicações vão aparecer». Sobre os gastos com o tratamento dessas «complicações», Rui Duarte disse: «São muitos euros, muito mais que aqueles que se gastariam naquilo que é simples, ou seja, na prevenção que passa pelo bom tratamento e o bom tratamento passa pelos medicamentos e pela acessibilidade aos meios de diagnóstico, mas esses são mais visíveis no orçamento de direção e mais fáceis de cortar». «Acho que a médio prazo poderemos vir a pagar por isso, porque, se as complicações aumentarem, não serve de nada poupar nos custos diretos com a medicação, porque vão aumentar os custos com as complicações», prosseguiu. Mais de 1.300 profissionais ligados à área do tratamento de diabetes estiveram reunidos em Vilamoura, no 11.º Congresso Português de Diabetes, onde foram apresentadas novidades terapêuticas e estudos realizados a nível nacional. Segundo o presidente da comissão organizadora do congresso da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, esta edição dedica uma atenção particular à individualização da terapêutica. «Não há uma terapêutica que seja boa para todos os diabéticos, mas há terapêuticas que se adequam mais a uns que a outros», explicou, acrescentando que a diabetes é cada vez menos encarada como uma doença isolada e deve ser encarada de modo diferente, consoante cada doente. A diabetes durante a gravidez foi tema de uma das conferências agendadas e, segundo Jorge Dores, endocrinologista especializado nesta área, permitiu discutir os resultados nacionais registados nos últimos três anos, após a uniformização internacional dos critérios de diagnóstico da diabetes gestacional. Segundo Jorge Dores, as previsões iniciais apontam para a triplicação do número de casos. Contudo, os registos nacionais revelam não existirem grandes alterações e as subidas registadas estão em sintonia com a tendência já anteriormente verificada. Em 2008, a taxa de prevalência – o número de casos verificados por cada 100 mil habitantes – estava nos 3,9% e, segundo Jorge Dores, atualmente está nos 4,8%. «Havia uma tendência para uma subida de meio ponto percentual ano a ano, e essa medida não se acentuou com estes critérios de diagnóstico. Pelo contrário, de 2011 para 2012, até houve uma diminuição de uma décima», disse aquele endocrinologista, citado pela “Lusa”. Os estudos realizados permitiram ainda perceber que em 2012, 40% das grávidas com diabetes gestacional tiveram de recorrer a tratamento por insulina. «Há exceções, mas, geralmente, há uma tendência de aumento de peso com a idade e a mulher que protela a sua gravidez, inevitavelmente é mais velha e tem geralmente mais peso, o que são dois fatores de risco para a diabetes gestacional», explicou Jorge Dores. |