Especialista defende que quem tem excesso de peso deve pedir ajuda profissional 716

03 de Setembro de 2015

A motivação para alterar de estilo de vida é baixa entre aqueles que têm excesso de peso, uma doença que exige ajuda médica e informação, mas ainda é pouco valorizada, mesmo entre profissionais, defendeu ontem uma especialista.

 

«As pessoas têm de perceber que a obesidade e excesso de peso é uma doença», afirmou a coordenadora do programa Peso da Saúde, Ana Macedo, e exemplifica: «quando uma pessoa tem diabetes não tem dúvida de que tem de ir ao médico, vigiar a doença e tomar os medicamentos», citou a “Lusa”.

 

No entanto, quando a pessoa tem excesso de peso ou obesidade «acha que grande parte da culpa é sua», depois os médicos «valorizam isto pouco e, muitas vezes não sabem como abordar o assunto e as pessoas acham que isto se resolve sozinho», referiu.

 

O programa Peso e Saúde percorreu mais de 20 praias do país, incluindo os Açores, apelando à participação de voluntários e cerca de mil tiveram a sua composição corporal avaliada, ao mesmo tempo que recebiam uma explicação sobre a caracterização do seu peso e respondiam a algumas questões.

 

No final, foram retiradas algumas conclusões e a médica apontou que «à pergunta se estavam dispostas a mudar o seu estilo de vida, a motivação é muito baixa», já que menos de metade das pessoas diz estar motivada.

 

Este assunto «não se resolve de outra maneira», por isso, a especialista transmitiu a sua preocupação e defendeu ser necessário começar por motivar os portugueses.

 

«Apesar de tudo, hoje temos fármacos eficazes para tratar doenças [como diabetes ou hipertensão] e não temos uma oferta muito específica e eficaz no que à obesidade diz respeito, temos muitas, mas todas elas carecem, antes de mais, de um compromisso da pessoa numa coisa que é muito difícil que é mudar hábitos», alertou a coordenadora do programa.

 

Como reconheceu, «é difícil, mas existe uma solução e tem de passar por um maior grau de informação, primeiro do risco, e as pessoas têm de ter consciência de que o excesso de peso é um risco, fez-se isso com o tabaco, tem de se fazer em relação ao excesso de peso».

 

Por outro lado, é necessário começar a consciencializar as pessoas de que «precisam de ser ajudadas por um profissional de saúde» para escolher a estratégia para emagrecer, afastando a ideia da «dieta milagrosa», que, segundo Ana Macedo, «continua a existir», nomeadamente na publicidade, que em três meses se resolve o assunto.

 

Ora, alertou a médica, a solução não é tão rápida e «há um trabalho individual, feito no consultório, seja pelo médico ou pelo nutricionista, há um trabalho social», ou seja, como é que enquanto sociedade é incorporado este problema.

 

E «um número reduzido de pessoas falou com o médico sobre este assunto», só cerca de 23% daqueles com excesso de peso ou obesidade diz já ter ido ao médico, o que «é muito pouco», e continuam a fazer a gestão da doença sozinhas, transmitiu Ana Macedo.

 

O programa Peso da Saúde, cujo balanço é apresentado na quinta-feira, é uma ação de educação e sensibilização para alertar os adultos para os danos do excesso de peso e para as doenças graves que pode causar.