15 de junho de 2018 A presidente do Intergrupo Português de Melanoma disse hoje à “Lusa” que «pela primeira vez» existe um tratamento aprovado para o carcinoma de células de Merkel, um tipo de cancro de pele que, apesar de raro, tem «uma progressão rápida». Segundo Maria José Passos, o novo tratamento para esta patologia «extremamente agressiva» permite obter «respostas rápidas e de longa duração, com impacto significativo na sobrevivência dos doentes». «Trata-se de um tratamento inovador de imunoterapia, que representa mais do que uma esperança, já há ensaios positivos com aumentos de sobrevivência», afirmou. Em declarações à “Lusa”, Maria José Passos sublinhou que o novo tratamento «transforma uma doença agressiva numa doença crónica, é uma nova arma terapêutica para os doentes com esta patologia que estava órfã de terapêuticas, não tinha agentes eficazes». A presidente do IPM falava à “Lusa” a propósito da reunião “Deep in Merkel Cell Carcinoma”, que se realiza no sábado, entre as 09:00 e as 13:00, no Porto, para debater as novidades que existem no tratamento desta patologia. Este ano, a abordagem a esta temática inicia-se com o seu diagnóstico, passando para a cirurgia e tratamento da doença, com a inclusão de três casos clínicos abertos a painel de discussão, referiu a responsável. Maria José Passos explicou que o carcinoma de células de Merkel (CCM), frequentemente mal diagnosticado, ocorre na camada superior da pele, perto das terminações nervosas que detetam o toque, e pode ser identificado por um inchaço rosa, vermelho ou roxo na pele. «Este é um tipo de cancro de tratamento difícil», frisou, referindo que, «no geral, 5% a 12% dos pacientes são afetados com CCM metastático, ou seja, o cancro espalha-se a partir do lugar onde se iniciou». E, acrescentou, «apenas 30% a 64% dos doentes com o CCM, de qualquer estágio, sobrevivem além de cinco anos, e a taxa de sobrevivência dos doentes com CCM metastático é menor que 20%». Os principais grupos de risco são pessoas com tipo de pele claro, com idades superiores a 50 anos do sexo masculino; indivíduos que sofrem uma exposição solar natural em horários desadequados; forte exposição à luz solar artificial, como em camas de bronzeamento artificial ou terapia com psoraleno e ultravioleta A (PUVA) para psoríase; ter um sistema imunológico enfraquecido pela doença, como a leucemia linfocítica crónica ou a infeção pelo HIV; consumir drogas que tornem o sistema imunológico menos ativo, como após um transplante de órgão e ter um historial de cancro. O Intergrupo Português de Melanoma (IPM) é uma sociedade médica, sem fins lucrativos, constituída por profissionais de diferentes especialidades, interessados no estudo, diagnóstico e tratamento do melanoma. É o primeiro grupo nacional multidisciplinar dedicado ao melanoma e foi criado em dezembro de 2012. |