Especialistas opõem-se a edição genética que culmine em gravidez humana, mas apoiam uso clínico
04 de agosto de 2017 Um grupo de onze organizações internacionais, dos Estados Unidos, Canadá, Ásia, África e Europa, formadas por especialistas em genética, manifestaram-se contra a edição de genes em óvulos e espermatozoides que resulte em gravidez humana, apoiando, no entanto, o uso da edição genética na investigação para fins terapêuticos. A posição consta numa declaração subscrita por 11 organizações da América do Norte (Estados Unidos e Canadá), da Ásia, de África e da Europa (em particular do Reino Unido), publicada na revista The American Journal of Human Genetics. Esta declaração surgiu um dia após uma outra publicação científica, a Nature, ter revelado os resultados de uma experiência com embriões humanos realizada por uma equipa internacional de investigadores, que corrigiu, pela primeira vez, uma mutação do gene responsável por uma doença cardíaca hereditária, a miocardiopatia hipertrófica, recorrendo ao sistema de edição genética CRISPR-Cas9. «Embora a edição do genoma da linha germinal possa, teoricamente, ser usada para evitar que uma criança nasça com uma doença genética, o seu potencial uso levanta uma infinidade de questões científicas, éticas e políticas. Estas questões não podem ser respondidas só por cientistas, necessitam de ser debatidas pela sociedade», defende Derek Scholes, diretor para a Política Científica da Sociedade Americana de Genética Humana, uma das organizações que assinam a declaração, citado pela “Lusa”. As organizações concordam que, antes de qualquer aplicação clínica futura da edição do genoma da linha germinal, deve haver «uma base de evidências que apoie o uso clínico» e uma «justificação ética». |