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Estudo com participação portuguesa descreve mutações genéticas da tuberculose resistente

 


23 de janeiro de 2018

Um estudo envolvendo mais de 35 países, incluindo Portugal, descreve as mutações genéticas das estirpes da bactéria da tuberculose resistentes, um trabalho que permitirá aos médicos fazerem um diagnóstico precoce e seguro e adequarem o melhor tratamento.

 

O estudo, publicado ontem na revista científica “Nature Genetics”, partiu da sequenciação do genoma (conjunto de informação genética) completo de 6.465 estirpes resistentes da bactéria Mycobacterium tuberculosis.

Portugal contribuiu para o trabalho com mais de uma centena de estirpes bacterianas resistentes, grande parte identificadas num diagnóstico feito na Grande Lisboa entre 2000 e 2012.

Fruto desse trabalho, os médicos conseguiram fazer o diagnóstico mais rápido e eficaz da tuberculose multirresistente, adequar a terapêutica e diminuir o número de casos.

«Hoje, temos poucos casos de tuberculose multirresistente, estamos numa situação confortável, mas não estamos totalmente descansados. A qualquer momento, basta distrairmo-nos um bocadinho para que volte a ser transmitida e a aparecer em números alarmantes», afirmou à “Lusa” Miguel Viveiros, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa.

Miguel Viveiros foi um dos coordenadores do “contributo” português para o estudo divulgado e liderado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, onde a sequenciação genómica é usada para diagnosticar a tuberculose resistente.

A par do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, o trabalho teve a participação nacional dos investigadores Isabel Portugal e João Perdigão, do Instituto de Investigação do Medicamento da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Das “milhares de mutações” genéticas assinaladas no estudo, muitas eram conhecidas e outras não. Segundo Miguel Viveiros, foram identificadas «novas mutações» e «novos mecanismos de resistência», tais como «algumas proteínas das paredes da bactéria».

O perfil de resistência das estirpes da bactéria da tuberculose para as quais foi feita a sequência do genoma foi definido para 14 medicamentos diferentes, que, de acordo com Miguel Viveiros, constituem quase «todo o arsenal» usado para tratar a doença infecciosa.