Estudo confirma que rastreio do cancro do pulmão é custo-efetivo 61

O rastreio do cancro do pulmão é um investimento custo-efetivo, aumenta a taxa de sobrevivência e reduz os custos com os tratamentos mais avançados. A implementação deste tipo de rastreio no nosso país poderia permitir salvar milhares de vidas, segundo um estudo da Aliança para o Cancro do Pulmão.

No estudo, adaptou-se localmente um modelo de custo-efetividade da implementação de um rastreio, tendo por base o protocolo de investigação e os resultados do programa NELSON, o maior estudo europeu sobre o rastreio do cancro do pulmão, que demonstrou um potencial de redução da mortalidade em 25% numa população de alto risco, após rastreio.

“Este estudo resulta do esforço de muitas organizações (incluindo a Liga Portuguesa Contra o Cancro) que se reuniram no sentido de responder a uma questão atualmente em discussão e relativa ao impacto custo-efetividade da implementação de um rastreio de cancro do pulmão em Portugal”, explica, em comunicado, Rui Medeiros, um dos autores do estudo, investigador no IPO Porto e membro da Direção da Liga Portuguesa Contra o Cancro NRNorte e da direção da ECO-European Cancer Organization.

De acordo com o especialista, “a prevenção do cancro do pulmão, associando a redução do consumo do tabaco e a implementação do rastreio, apontam para um impacto fortíssimo na redução do número de casos”.

No total, 13.271 mortes por cancro do pulmão poderiam ser evitadas, no horizonte temporal de 40 anos considerado no estudo, com a implementação do rastreio.

 

Rastreio: A opção preferencial de diagnóstico

O estudo concluiu, assim, que o rastreio do cancro do pulmão melhora os resultados clínicos dos doentes, apresentando, ao mesmo tempo, custos adicionais aceitáveis.

“O rastreio do cancro do pulmão de base populacional é um meio comprovado que permite fazer o diagnóstico mais precoce e que salva vidas – os estudos mostram que salva a vida a cerca de 20% dos doentes com cancro do pulmão”, reforça António Araújo, diretor do Serviço de Oncologia Médica na ULS Santo António e diretor do Mestrado Integrado em Medicina no ICBAS-UP, também em comunicado.

É, ainda, segundo o médico “um método comprovado, custo-efetivo – cujos benefícios clínicos e de qualidade-de-vida que se podem alcançar superaram os custos necessários à sua implementação. Não há motivo para atrasar mais a implementação de um projeto piloto no nosso país”, conclui.

Para os especialistas que realizaram a análise, “o rastreio do cancro do pulmão em Portugal deve ser a opção preferencial para o diagnóstico de doentes com cancro do pulmão, na população de alto risco, em comparação com o percurso clínico atual”, sendo que “os resultados fornecem aos decisores informação que suporta a implementação de um programa de rastreio do cancro do pulmão em Portugal”.

 

O cancro do pulmão

Os números confirmam que o cancro do pulmão é agora a principal causa de morte por cancro em todo o mundo, com 75% dos casos diagnosticados em fases avançadas, onde a probabilidade de sobrevivência é muito baixa. Em Portugal, é a principal causa de morte por cancro: todos os dias, cerca de 17 portugueses são diagnosticados e cerca de 14 morrem devido a este tipo de cancro.

 

A Aliança para o Cancro do Pulmão

É composta pelo Grupo de Estudos para o Cancro do Pulmão, pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Ordem dos Médicos, a Pulmonale, a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardíaca, Torácica e Vascular, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a AstraZeneca.

Estas sete entidades uniram-se pelo objetivo comum de reduzir a mortalidade, aumentar a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro do pulmão.