De acordo com um estudo do Hospital São João, divulgado à agência Lusa, os doentes positivos à covid-19 com mais tempo de internamento e ventilação foram aqueles que tiveram mais problemas de mobilidade e ansiedade.
Em declarações à agência de notícias, Isabel Coimbra, médica e coordenadora da consulta de follow up, explicou, durante esta quinta-feira, que esta investigação pretende “caracterizar a população de doentes com covid-19 internada nas unidades de cuidados intensivos” do Centro Hospitalar de São João, no Porto.
“Depois do internamento em cuidados intensivos, há a síndrome pós-cuidados intensivos que abrange sequelas físicas, psicológicas e funcionais que se podem prolongar por seis, 12 ou mais meses”, referiu Isabel Coimbra.
Esta investigação abrangeu os doentes da primeira vaga do novo coronavírus, sendo que os pacientes tiveram sintomas graves e permaneceram internados por mais de 24 horas nos cuidados intensivos, entre março e junho de 2020.
De um total de 93 pacientes internados, durante esse período, no Hospital São João, participaram cerca de 45 utentes, dado que 23 faleceram, 17 continuaram hospitalizados, sete estiveram menos de 24 horas e um recusou-se a participar na investigação.
“A avaliação dos sobreviventes de covid-19 demonstra que a mobilidade, dor, desconforto, ansiedade e depressão são os principais problemas que persistem após a alta hospitalar”, afirmou a médica.
Os dados obtidos permitiram correlacionar os problemas identificados pelos doentes com o tempo em que estiveram internados e sujeitos a ventilação mecânica invasiva.
Por isso, concluiu-se que quanto maior for o tempo de internamento e ventilação, maior será o período em que os doentes irão permanecer imobilizados.
A médica reforçou a necessidade de existir um “acompanhamento estruturado após a alta hospitalar”, já que considera que esta ação pode gerar melhorias na qualidade de vida dos doentes.