11 de Outubro de 2016 A generalidade das farmácias portuguesas e mais de metade dos seus utentes foram afetados pela falta de medicamentos, entre 2013 e 2016. Um estudo feito pela Deloitte, para a APIFARMA, revela que durante esse mesmo período a indisponibilidade de medicamentos nas farmácias portuguesas atingiu 56% dos cidadãos. A causa apontada por 87% das farmácias inquiridas é a falta de medicamentos junto dos laboratórios ou armazenistas. Segundo 69% dos responsáveis pelas farmácias inquiridas este problema tem-se agravado com a redução constante dos preços dos medicamentos, que tornam a produção menos atrativa para o mercado português. Para o presidente da APIFARMA, «preços injustificadamente baixos, com motivações estritamente economicistas, colocam em causa o acesso dos doentes aos medicamentos, por agravamento da exportação paralela e consequente falta de abastecimento do mercado farmacêutico nacional». «A alteração dos países de referência do sistema de formação de preços, com introdução de países com realidades muito diferentes da portuguesa, só agrava o problema, uma vez que conduz a que os preços dos medicamentos aprovados em Portugal sejam dos mais baixos da União Europeia, tornando-se mais apelativo exportar», sublinhou, num comunicado, João Almeida Lopes. No estudo deste ano, 97% dos utentes referiram que o principal condicionante no acesso à terapêutica foi a indisponibilidade de medicamentos nas farmácias. Quando confrontados com essa realidade, 82% dos utentes preferiram regressar mais tarde à mesma farmácia para adquirir o fármaco em falta. Apesar da ligeira melhoria no tempo de reposição dos produtos na farmácia, opinião partilhada por utentes e farmácias, cerca de 47% dos utentes que voltaram à farmácia tiveram de aguardar mais de 14 horas, e 44% das falhas de abastecimento reportadas pelas farmácias têm uma duração superior a 48 horas. O impacto das falhas de medicamentos na adesão à terapêutica, reportado pelos utentes e farmácias, é um dos pontos mais preocupantes para a APIFARMA. «Tudo o que cria dificuldade de acesso dos cidadãos à saúde pode comprometer os bons resultados em saúde e inviabilizam uma boa utilização dos recursos de todos», refere João Almeida Lopes. O estudo avança ainda que a introdução de um conjunto de medidas adicionais para garantir o acesso dos doentes aos medicamentos, como o “Localize a Farmácia perto de si”, o Gabinete de Gestão de Acesso ao Medicamento e a Via Verde do Medicamento, entre outras, foi insuficiente para reverter a situação. Só a obrigatoriedade de Notificação Prévia, medida aplicável a uma lista restrita de medicamentos, teve reconhecido impacto. |