Os farmacêuticos hospitalares devem ter mais intervenção clínica e ter maior disponibilidade para a integração na equipa de saúde, e tal só é possível com um aumento do número destes profissionais.
Esta é a conclusão de um estudo pedido pela Ordem dos Farmacêuticos (OF), realizado pela Nova SBE – School of Business and Economics, com o apoio da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH), denominado por “Valorização do Desempenho do Farmacêutico Hospitalar”.
O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, considera que os farmacêuticos hospitalares são “atores essenciais” no funcionamento da estrutura hospitalar, responsáveis pela gestão de uma tecnologia de saúde com um custo anual de 1,3 mil milhões de euros para os hospitais portugueses.
“Ao gerir a segunda maior rubrica do orçamento dos hospitais, a sua atividade também tem um impacto para a população em geral, associado aos efeitos dos seus atos sobre os custos de saúde”, indica o estudo.
A análise sublinha o potencial clínico e económico de diversas atividades desenvolvidas por estes profissionais nos hospitais portugueses, assim como a limitação de recursos especializados nas farmácias hospitalares “dificulta o desenvolvimento sustentado e generalizado de práticas clínicas que otimizam a utilização dos medicamentos”.
É dado também destaque à participação do farmacêutico hospitalar nas áreas clínicas, que tem crescido, com a maioria do seu tempo dedicada à distribuição de medicamentos nos regimes de internamento e de ambulatório.
O estudo destaca a necessidade de ter mais farmacêuticos hospitalares, para que possam “compatibilizar as funções associadas à distribuição de medicamentos com uma maior disponibilidade para a integração na equipa de saúde”, contribuindo desta forma para a prevenção da doença e a melhoria da saúde das pessoas.
Sobre “a necessidade de acrescentar sangue novo”, a Lusa falou com Ana Paula Martins, Bastonária da OF, que disse ter “uma grande convicção” de que será possível abrir vagas para a “residência farmacêutica” já em janeiro do próximo ano.
“Para nós é um marco histórico, abrir em janeiro com as vagas que forem possíveis. (…) Isto nunca seria possível se o Ministério da Saúde e a ACSS não tivessem colocado isto como uma das prioridades”, acrescentou a Bastonária.
O estudo recolheu ainda o depoimento de alguns médicos sobre o papel do farmacêutico hospitalar, e todos foram unânimes em sublinhar a sua relevância, a quem atribuem “um papel complementar” ao seu e que veem como “um parceiro na prestação de cuidados”.
O estudo cita ainda Organização Mundial de Saúde (OMS) para lembrar que os erros de medicação são uma causa importante de morbilidade e mortalidade, tendo também um elevado custo financeiro, e sublinha que parte significativa desses erros pode ser evitada e que o farmacêutico hospitalar é “o profissional que primordialmente pode contribuir” para esta tarefa.
O trabalho refere ainda a revisão da medicação, a reconciliação da terapêutica, a avaliação de alternativas terapêuticas, assim como a monitorização/farmacovogilância da utilização de (novos) fármacos, intervenções que “permitem prevenir riscos, erros de medicação, promover a adesão à terapêutica ou obter poupanças diretas com a aquisição de medicamentos”.
Este estudo vai ser apresentado esta quinta-feira, dia 17 de junho, na OF.