Estudo genético do cancro da mama no IPO/Porto reduz necessidade de quimioterapia
27 de outubro de 2017 O IPO/Porto considerou hoje que o estudo genético (teste genómico) do cancro da mama iniciado em julho naquele instituto já deu resultados «muito positivos» ao permitir «reduzir em 39% a necessidade de efetuar quimioterapia adjuvante». Segundo o coordenador da Clínica de Mama do IPO-Porto, Joaquim Abreu de Sousa, «dos 23 casos de risco intermédio que efetuaram o referido teste até agora, num terço (39%) foi possível evitar a necessidade de efetuar quimioterapia adjuvante». «Estes casos ficaram apenas propostos para hormonoterapia adjuvante», sublinhou o oncologista. O Instituto Português de Oncologia do Porto realiza desde julho testes aos genes dos tumores extraídos da mama, para verificar a agressividade, a probabilidade de desenvolver metástases e a necessidade de quimioterapia, permitindo um tratamento personalizado. O teste genómico estuda 50 genes associados ao cancro da mama, determinando, para além do grau de agressividade do tumor, a forma como este se vai comportar. Para Joaquim Abreu de Sousa, a mais-valia da assinatura genética é enorme, visto que representa um ponto de viragem no entendimento da doença, permitindo tratar os doentes de forma altamente especializada e individualizada, sendo os diagnósticos e as terapêuticas desenhadas em função das características individuais de cada um. Segundo o IPO, «a Clínica da Mama foi a primeira clínica com modelo de cuidados centrados no doente a ser construída, recebendo cerca de 1.200 novos doentes por ano e realizando mais de 30 mil consultas anuais».
De acordo com os dados disponibilizados à “Lusa”, «de 2007 até agora tem registado um aumento anual de cerca de 20% de novos doentes». Ao longo destes 10 anos, a Clínica de Mama do IPO-Porto tratou «mais de 10 mil novos doentes com cancro da mama, tendo atualmente em seguimento cerca de 50 mil doentes». «A investigação levada a cabo na Clínica de Mama, que ao participar de forma contínua em inúmeros ensaios clínicos internacionais, permite que os seus doentes tenham acesso a tratamentos inovadores, muito antes de estes estarem disponíveis para uso na prática clínica diária», salienta o IPO. Os resultados alcançados nos últimos anos ditam «um aumento progressivo das taxas de sobrevivência, que hoje se aproximam dos 90% aos 5 anos», acrescenta. |