Estudo: Hospitais portugueses estão demasiado focados na produtividade 21 de Outubro de 2015 A maior parte dos hospitais, sobretudo nos públicos, ainda há pouco espaço de manobra e um foco excessivo no número de consultas e cirurgias, esta é uma das conclusões do estudo “Como aumentar a eficácia do planeamento estratégico nos hospitais?”, apresentado ontem.
O estudo, realizado pela empresa EY e pela Nova Information Management School (IMS), foi baseado em questionários feitos a todos os hospitais públicos do Serviço Nacional de Saúde e a um número alargado de instituições privadas.
No total, o estudo juntou 264 participantes, desde administradores a diretores de serviços e técnicos superiores, entre outros profissionais que trabalham em unidades de saúde. Foram também realizados três encontros com parceiros – um a norte, um no centro e outro na zona sul do país –, tendo sido promovido um debate em que os intervenientes puderam expor as suas perceções e experiências sobre o planeamento nos hospitais, as barreiras e oportunidades.
As conclusões indicam que os hospitais portugueses preocupam-se com a existência de planos estratégicos que guiem a sua atividade mas, no caso das instituições públicas, tanto administradores como profissionais de saúde alertam que a possibilidade de intervenção naquilo que deve ser o trabalho do hospital ainda é muito diminuta e pouco criativa. Na esmagadora maioria dos casos, explicou Bruno Dias, da EY, as instituições utilizam o termo «planeamento estratégico» como um sinónimo de «contrato-programa» – o documento anual que assinam com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e que inclui vários indicadores, nomeadamente o número de atos médicos e cirúrgicos previstos, avançou o “Público”.
«O processo é muito burocrático e não está enquadrado no trabalho diário dos envolvidos», salientou, por seu lado, José Carlos Caiado, professor da Nova IMS, que apontou também críticas ao modelo de financiamento existente no Serviço Nacional de Saúde e que ainda tem um foco muito grande na produtividade e não em resultados, não fazendo também a ponte entre hospitais e centros de saúde. «O modelo de financiamento pode ser um instrumento poderoso […] no caminho para a eficácia», insistiu, adiantando que muitos dos inquiridos relataram também muitos problemas com os sistemas de informação que utilizam e que dificultam uma medição dos resultados do que fazem aos doentes.
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