Estudo identifica «desinvestimento na saúde» na atual crise económica e financeira
8 de julho de 2014
Um estudo que vai ser hoje apresentado identificou um «desinvestimento na saúde» na «atual crise económica e financeira» e defende o início de «um novo ciclo de investimento» no setor.
O estudo “Cortar ou investir na Saúde”, realizado pela Associação de Inovação e Desenvolvimento em Saúde Pública (INODES), concluiu que, «com a atual crise económica e financeira, tem-se registado um desinvestimento na saúde».
«A lógica dos ajustamentos financeiros em vigor – puxar intensa e abruptamente e relaxar só quando é inevitável – impede a harmonização das políticas públicas e ignora os custos sociais dos ajustamentos», lê-se nas conclusões do documento, a que a “Lusa” teve acesso.
O estudo, que resulta de um protocolo celebrado entre o especialista em saúde pública e dirigente da INODES Constantino Sakellarides, patrocinado por um laboratório, apurou que, apesar da saúde e os serviços de saúde terem «um elevado valor económico», o valor económico da saúde «tem ainda reduzida tradução nas políticas públicas».
Os autores referem ainda que «a perda de capital humano por parte dos países “em ajustamento” – desemprego e emigração nas profissões da saúde – que se tem registado nos últimos anos, tem sido ignorada no debate e configuração das políticas públicas nacionais e europeias».
«A vontade e a capacidade da comunidade humana de investir na saúde estão fortemente associadas à qualidade da democracia, e esta à esperança num futuro melhor», lê-se nas conclusões do estudo.
Para os autores do estudo, «o país precisa de um novo contrato económico e social que inclua o investimento em saúde».
«Para que esse contrato possa ter lugar será indispensável preencher um conjunto de condições, a nível nacional e europeu. Três dessas condições parecem particularmente relevantes».
A primeira dessas condições passa por «uma ampla aceitação social de uma base factual sólida sobre a situação do país na atualidade e dos fatores que a tem determinado, antecipando os efeitos sobre a saúde dos vários cenários económicos e financeiros relativos a 2015-2019».
A segunda condição é «um consenso nacional alargado sobre as condições e os passos necessários para um grau aceitável de harmonização das políticas públicas – financeiras, económicas e de bem-estar».
A última condição é «uma nova geração de estratégias de saúde», as quais devem articular-se com «outras políticas públicas que tenham uma forte expressão e mobilização local à volta da ideia de que a aspiração ao bem-estar e a prosperidade económica são duas faces da mesma moeda».
O estudo será apresentado nas instalações do INFARMED, em Lisboa, contando com intervenções de vários especialistas em saúde pública.