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Estudo investiga causas da mortalidade por doença cardíaca nos Açores

08 de Janeiro de 2015

O Centro de Investigação de Recursos Naturais dos Açores está a fazer um estudo através do qual pretende apurar as causas do «dobro da mortalidade» por doenças cardíacas na região em comparação com o continente, avançou a “Lusa”.

A investigação «aterosclerose como principal causa das doenças cardiovasculares» é coordenada por Maria Leonor Pavão, do Centro de Investigação de Recursos Naturais dos Açores, que pertence à universidade açoriana.

«Ao nível da incidência de morte por isquemia cardíaca, que é cerca do dobro daquela que se observa no continente português, portanto, é nossa preocupação perceber porque é que isso acontece e quais são os fatores de risco prevalentes que existem na região e que podem explicar esta diferença», adiantou Maria Leonor Pavão, sem especificar números.

A coordenadora do estudo explicou que se pretende analisar os fatores de risco ao nível «dos mais tradicionais», como a hipertensão, a obesidade ou o consumo de tabaco e álcool, mas também outros fatores de «natureza molecular que não estão comumente aceites pela comunidade científica».

Maria Leonor Pavão esclareceu que, «regra geral», se trata de uma doença «silenciosa», que só se descobre quando já está estabelecida e que o estudo tem como principal objetivo «descobrir a doença antes dela se manifestar».

«Uma das nossas preocupações é justamente encontrar marcadores moleculares que tenham a ver ou com a parte genética ou com a parte individual ligada ao ambiente e que pode ser específica para a nossa população. Encontrar marcadores que sejam detetados precocemente, antes que a doença se manifeste», sublinhou.

A investigação está a ser feita com base na comparação da população do continente e de cada uma das ilhas dos Açores, tendo como referência pessoas «aparentemente saudáveis» e doentes acompanhados pelo serviço de cardiologia no Hospital Divino Espirito Santo, em Ponta Delgada.

«Por um lado, considerando uma população que é aparentemente saudável, portanto, que ainda não tem sintomas da doença, e, por outro lado, uma população de doentes cardiovasculares, numa parceria com o Hospital de Ponta Delgada, através de um grupo de doentes que é recrutado e que nos vai servir para estudar os mesmos parâmetros nas populações aparentemente saudáveis», explicou.

Maria Leonor Pavão diz que o estudo já arrancou há seis anos e que tem avançado conforme «vai aparecendo financiamento», sendo o próximo objetivo aumentar a base de recrutamento de populações para «consolidar conclusões».