Estudo: Maior risco de doença cardiovascular após pneumonia ou sepsis 605

Estudo: Maior risco de doença cardiovascular após pneumonia ou sepsis

 


02 de agosto de 2017

Uma investigação, publicada no European Journal of Preventive Cardiology, concluiu que o risco de doenças cardiovasculares aumenta seis vezes mais durante o primeiro ano após uma pneumonia ou sepsis.

Este estudo incluiu mais de 200 mil homens, nascidos entre 1952 e 1956, que foram examinados física e psicologicamente aos 18 anos tendo por base exigências militares. Os investigadores obtiveram ainda diagnósticos hospitalares de doenças cardiovasculares e infeções através de um sistema que gravou a informação de pacientes admitidos no hospital desde 1964. Os homens foram acompanhados desde a adolescência até à idade adulta e o acompanhamento terminou em 2010.

Foram analisadas as relações entre a primeira infeção com sepsis ou pneumonia que obrigou a internamento hospitalar com subsequente risco de doença cardiovascular em períodos específicos pós-infeção (entre um ano e cinco anos após).

Durante o período de acompanhamento, 19,7% dos homens apresentaram um diagnóstico de doença cardiovascular, havendo cerca de 10 mil admissões hospitalares por pneumonia entre os quase 9 mil homens que receberam estes diagnósticos.

Os investigadores descobriram que a infeção estava associada a um aumento de 6,33 vezes do risco de doença cardiovascular durante o primeiro ano após a infeção. No segundo e terceiro ano após a infeção o risco permanecia aumentado em 2,47 e 2,12 vezes, respetivamente.

O risco de doenças cardiovasculares baixava com o tempo, mas permanecia elevado pelo melos durante cinco anos após a infeção.

Foram ainda encontrados resultados idênticos tanto para a doença coronária como para o ataque cardíaco e a doença cardiovascular fatal.

«Os convencionais fatores de risco [obesidade, tensão alta, fraco desenvolvimento físico] continuam a ser importantes, mas a infeção poderá ser a fonte primária deste risco por um período limitado de tempo», explicou à “Lusa” Scott Montgomery, um dos autores do estudo, que é igualmente diretor do grupo de epidemiologia clínica na Universidade de Örebro, na Suécia.

Apesar de muitos dos doentes com sepsis ou pneumonia apresentarem sinais de recuperação ao fim de um determinado período de tempo, muitos mantém os marcadores relativos a inflamações circulatórias em níveis elevados mesmo depois da fase aguda da infeção.

A descoberta é, para os investigadores, uma forma de ressalvar a proteção contra as infeções, tendo especial atenção à janela temporal pós-infeção com risco aumentado de doenças cardiovasculares.

Montgomery avança que, durante o estudo, os investigadores não estudaram «quaisquer intervenções que se devem iniciar neste período, mas terapias preventivas, como as estatinas, poderão ser analisadas».