Estudo: Mais de 220 mil reações adversas a medicamentos entre 2000 e 2015 786

Estudo: Mais de 220 mil reações adversas a medicamentos entre 2000 e 2015

 


30 de abril de 2018

Mais de 220 mil reações adversas a medicamentos foram registadas em ambiente hospitalar em Portugal entre 2000 e 2015, segundo um estudo divulgado na publicação científica “Journal of Medical Systems”.

No estudo, destacado pelo INFARMED os autores analisam a base de dados dos Grupos de Diagnósticos Homogéneos (sistema de classificação de doentes) e procuram estimar a frequência e o impacto dos eventos adversos nos hospitais públicos.

Foram contabilizadas 15 milhões de hospitalizações nos 15 anos em análise, constatando-se que 5,8% dessas hospitalizações (860 mil) tinham no mínimo um evento adverso associado, e que 1,5% (220 mil) estavam associadas a pelo menos uma reação adversa a medicamento.

«Este número é seis vezes superior às notificações registadas no âmbito do Sistema Nacional de Farmacovigilância para igual período, 34 mil notificações», lê-se na “newsletter” do INFARMED, concluindo-se que apesar de limitações metodológicas do estudo se confirma «que a subnotificação de reações adversas a medicamentos em Portugal é uma realidade significativa».

No estudo os eventos adversos foram divididos em cinco tipos: incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos, complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos, intoxicações, reações adversas a medicamentos, e efeitos tardios.

Os autores do estudo sublinham também que os eventos adversos mais comuns são as complicações decorrentes de procedimentos médicos ou cirúrgicos e reações adversas a medicamentos, ambos com uma tendência crescente de ocorrência desde o ano 2000.

Entre 2000 e 2015, as complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 111%, os incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 120%, as reações adversas a medicamentos e efeitos tardios aumentaram 275%, e as intoxicações 27%.

Os autores, Bernardo Sousa-Pinto, Bernardo Marques, Fernando Lopes e Alberto Freitas, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, do Porto, admitem que esses aumentos também estejam relacionados com melhorias nos Grupos de Diagnóstico Homogéneos.