Estudo: Metade das crianças da região do Porto tem falta de vitamina D
21 de março de 2017 Cerca de metade crianças e adolescentes saudáveis da região do Porto apresenta níveis de vitamina D abaixo do normal, independentemente do estado de nutrição e do padrão de atividade física, concluiu um estudo da pediatra Carla Rêgo. Neste trabalho, publicado na “Acta Pediátrica Portuguesa”, e a que hoje a “Lusa” teve acesso, a investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, indica que a deficiência em vitamina D poderá tornar-se um problema de saúde pública na população pediátrica portuguesa. Na população avaliada, com idades compreendidas entre os cinco e os 17 anos, a prevalência de deficiência em vitamina D era de 48%, sendo que 6% registava uma deficiência severa e 5% tinham «compromisso de mineralização óssea para a idade». De acordo com Carla Rêgo, a elevada prevalência de deficiência em vitamina D comporta «um elevado risco de compromisso futuro da saúde óssea», com «potencial impacto na saúde óssea e metabólica», uma vez que «dois terços da massa óssea são formados na adolescência». A investigadora considera que «os resultados deste estudo levam a repensar as recomendações relativas à suplementação em vitamina D às crianças portuguesas e, acima de tudo, reforçam a necessidade de promover mudanças nos estilos de vida». Segundo Carla Rêgo, «a suplementação farmacológica ou o enriquecimento de alguns alimentos, como o leite, poderão compensar o suprimento inadequado de vitamina D resultante da exposição solar insuficiente nos meses de inverno na região do Porto e do estilo de vida da maioria das crianças e adolescentes, traduzido por escassas atividades ao ar livre e por um grande número de horas passadas em sala de aula ou em casa». Referiu que «as fontes alimentares de vitamina D são limitadas, suprindo apenas 10% das necessidades diárias». A pediatra entende que «estes dados apoiam, ainda, a importância do rastreio de comportamentos de risco para deficiência em vitamina D em crianças e adolescentes, integrando-o na consulta de Vigilância da Saúde Infantil e Juvenil, bem como a necessidade de realizar estudos relativos ao ‘status’ da vitamina D na população pediátrica portuguesa». A investigadora explicou que a vitamina D é essencial para absorção do cálcio pelo organismo e para a formação óssea, referindo a existência de vários estudos que demonstram «uma associação entre a deficiência nesta vitamina e o aumento do risco de certas doenças crónicas, como doenças cardiovasculares, cancro, doenças autoimunes e diabetes tipo 1 em idade adulta». |