Estudo: Quase 60% dos enfermeiros «trabalha demasiado depressa e sob pressão» 03 de novembro de 2014 Uma investigação desenvolvida por um professor da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra concluiu que 59% dos enfermeiros «trabalha demasiado depressa e sob pressão, tentando fazer muito» durante a maior parte do tempo. Baseada em inquéritos a 926 profissionais com domicílio profissional hospitalar na área da Secção Regional do Centro da Ordem do Enfermeiros, a investigação de António Manuel Fernandes, citada pela “Lusa”, revela que só 46% deles «nunca sacrifica a segurança do doente quando há sobrecarga de trabalho». «A cultura de segurança do doente apresenta-se como um fator crítico da qualidade dos cuidados de saúde hospitalares e a necessitar de melhoria», considera. De acordo com os dados recolhidos pelo investigador, «a maioria das dimensões da cultura de segurança do doente, entendida como um modelo de comportamentos tendente a minimizar os danos nos pacientes que podem resultar da prestação de cuidados, apresenta debilidades». Por exemplo, «as dotações de enfermeiros identificadas são medianamente comprometidas com a sua missão de segurança profissional e dos doentes, correndo um sério risco de não a garantirem, uma vez que revelam debilidades nos seus aspetos de cariz qualitativo e são deficitárias no provimento de horas de cuidados de enfermagem necessárias, registando-se um défice médio de 23%». Por outro lado, segundo António Manuel Fernandes, «o compromisso do hospital com os enfermeiros e a enfermagem, a existir, é pouco sentido por estes profissionais», que «tão pouco sentem que o seu esforço e perícia sejam adequadamente reconhecidos e recompensados». Uma exceção positiva nos fatores que levam à cultura de segurança do doente é a dimensão «cooperação/trabalho em equipa dentro das unidades/serviços», que é encarada pelos enfermeiros como um aspeto forte. «A cultura de segurança do doente identificada neste estudo é caracterizada pelo paradigma da culpabilização e punição» e também «pelo paradigma da ocultação do erro e do evento adverso», referiu o investigador. A investigação confirma que contextos clínicos «com dotações em enfermagem qualitativamente mais seguras – particularmente onde se promove equilíbrio de competências e supervisão de cuidados e, sobretudo, se fomenta um bom ambiente relacional entre profissionais clínicos, com estimulação da autonomia profissional – contribuem para a existência de níveis inferiores de riscos clínicos». O estudo de António Manuel Fernandes intitula-se “Dotação segura em enfermagem e a cultura de segurança: subsídios para a segurança do doente” e foi realizado entre setembro de 2011 e novembro de 2013. |