Uma investigação biomédica revelou a importância da comunicação entre o sistema imunitário e os neurónios na dor pós-operatória, resultados de um estudo que abre caminho a novos analgésicos indicados para o pós-operatório.
Um trabalho de investigação liderado por cientistas de diferentes áreas da Universidade de Granada, em colaboração com a Universidade de Barcelona, confirmou a importância da comunicação entre as primeiras células do sistema imunitário que chegam ao tecido danificado para reparar uma ferida e o neurónios, noticiou, na quinta-feira, a agência Efe, citada pela Lusa.
A dor que ocorre poucas horas após a cirurgia, no pós-operatório imediato, costuma apresentar-se com intensidade muito elevada, e os medicamentos utilizados para tratá-la são insuficientes para controlá-la adequadamente, o que representa um problema clínico significativo.
Os resultados deste estudo, recentemente publicado pela revista Biomedicine & Pharmacotherapy, abrem novos caminhos de exploração para o desenvolvimento de tratamentos analgésicos destinados a aliviar a dor pós-operatória.
O processo de reparação de uma ferida cirúrgica inicia-se imediatamente após a lesão.
As células que constituem um tecido comunicam entre si através de sinais químicos que são alterados quando este é danificado, como acontece após uma cirurgia.
Estas alterações químicas são importantes porque têm a capacidade de estimular um tipo de neurónios sensoriais conhecidos como nociceptores, responsáveis pela transmissão da dor.
Uma das principais etapas deste processo é a chegada dos glóbulos brancos à ferida, que contribuem para a formação de um ambiente químico inflamatório.
Os responsáveis pelo estudo destacaram a importância dos neutrófilos na dor pós-operatória, algo que até agora passava despercebido.
A investigação demonstrou que estas células mantêm uma comunicação muito próxima com os nociceptores, favorecendo a transmissão da dor.
Os resultados deste estudo representam um passo importante na compreensão de como ocorre a dor pós-operatória, e talvez também outros tipos de dor que envolvem a inflamação, e podem ser fundamentais para melhor a controlar.