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Estudo revela que bactérias “socializam” e reconhecem o que trocam entre elas

16 de Maio de 2016

As bactérias preferem “socializar” mais com umas do que com outras e trocar entre si informação genética, que lhes dá resistência a antibióticos, através de “códigos” que lhes permitem reconhecer que informação deve ser trocada.

A conclusão consta num estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores, incluindo dois portugueses, do Instituto Pasteur, em Paris, França, e recentemente publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).

Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou mais de 800 genomas (sequências completas de ADN) de bactérias, nomeadamente das que são más para os humanos, como as que causam meningite, pneumonia, infeções hospitalares e gástricas.

Pedro Oliveira, investigador do Grupo de Genómica Microbiana Evolutiva do Instituto Pasteur e primeiro autor do estudo, sustentou à “Lusa” que os resultados obtidos vão permitir, no futuro, perceber melhor como as bactérias interagem umas com as outras e com os humanos e como evoluem, a ponto de se tornarem patogénicas.

Trata-se de uma peça do “puzzle” fundamental, na medida em que, assinalou, «a resistência a antibióticos é cada vez mais frequente, devido à troca de informação genética entre bactérias».

O cientista explicou que as bactérias «adquirem de outras bactérias resistência a antibióticos, tornando-se elas próprias resistentes a antibióticos».

A transferência de informação genética entre bactérias faz-se à custa dos chamados parasitas moleculares, que coexistem com elas.

Se estes transportadores de informação genética são úteis para as bactérias, porque possibilitam que se tornem resistentes aos medicamentos, que as eliminam, a verdade é que, muitas vezes, também podem ser maléficos para as bactérias, ao ponto de as matarem.

O grupo de investigadores do Instituto Pasteur confirmou que as bactérias, tal como as pessoas, têm um sistema imunitário que as protege de elementos invasores.