Estudo sobre a saúde dos portugueses revela que existe uma correlação entre finanças e saúde 202

A melhoria generalizada na perceção da qualidade dos serviços de saúde e o aumento da literacia são algumas das principais conclusões do estudo ‘A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio’, divulgado, na quarta-feira (17), pela Médis, marca do Grupo Ageas Portugal.

O estudo do Projeto Saúdes, cuja 1ª edição realizou-se em 2021, voltou a traçar tendências e padrões de saúde em Portugal, verificando-se variações positivas, ainda que ligeiras, na maior parte dos indicadores.

 

Qualidade em alta, mas acesso desigual

Na avaliação da qualidade dos serviços de saúde, a resposta dos portugueses é inequívoca. Numa escala de 1 a 10, a pontuação média sobe de 7,0 para 7,3 desde 2021. Esta melhoria é conduzida essencialmente pelo setor público, onde o acesso à digitalização tem dado um bom contributo no aumento da satisfação. 53% dos inquiridos que utilizam os serviços de saúde, públicos ou privados, consideram a qualidade dos serviços elevada ou muito elevada.

No entanto, o acesso aos cuidados continua a ser um desafio para muitos. 26% dos portugueses reportam dificuldades em aceder aos serviços de saúde em tempo útil. As desigualdades regionais são evidentes, com o Grande Porto a destacar-se como a região com melhor acesso (7,2, numa escala de 1 a 10) e maior confiança na capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde (SNS). O Algarve regista a maior dificuldade de acesso (6,0, usando a mesma escala), com uma queda de 25% na perceção do acompanhamento em saúde face a 2021.

 

Saúde financeira e saúde no geral

Os dados do estudo revelam ainda que existe uma correlação entre finanças e saúde. 33% dos portugueses dizem ter sentido um impacto negativo na sua saúde, no último ano, provocado por problemas financeiros. Entre os inquiridos que afirmam rendimento abaixo das necessidades do agregado familiar, 46% enfrentaram problemas de saúde mental nos últimos dois anos, o que demonstra o impacto das dificuldades financeiras no bem-estar psicológico.

 

Literacia dinamizada pela digitalização

A literacia em saúde é um dos indicadores que regista uma maior evolução positiva, com a pontuação média a aumentar de 6,3 para 6,8 (numa escala de 1 a 10) desde 2021. A crescente utilização da internet como fonte de informação sobre saúde é um dos fatores que explicam esta evolução.

Em termos de ‘Potência Saúde’ – o indicador exclusivo deste estudo que avalia o esforço individual e pró-ativo na promoção da saúde e bem-estar – os resultados revelam um enorme potencial de melhoria. 48% dos inquiridos ambicionam melhorar a sua condição de saúde, no entanto, apenas 20% da população demonstra uma ‘Potência Saúde’ elevada (igual ou maior do que 7).

“‘A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio’ mostra-nos como a maioria dos portugueses atribui uma qualidade elevada ao sistema de saúde, o que contraria uma narrativa talvez demasiado pessimista que se instalou. Apesar da notícia ser boa, os desafios e oportunidades também são muitos e devemos trabalhar neles de forma coordenada, a bem da sustentabilidade do sistema”, declarou, em comunicado, Maria do Carmo Silveira, responsável de Orquestração Estratégica do Ecossistema de Saúde do Grupo Ageas Portugal.

 

O estudo

‘A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio’, do Projeto Saúdes, que conta com uma amostra representativa de 1056 pessoas, analisa a evolução de cinco indicadores chave em saúde: qualidade, acesso, literacia, perceção e Potência Saúde. Desenvolvido pela Médis, é feito em parceria com a Return On Ideas.

Entre 2021 e 2024, o projeto Saúdes já lançou diversos relatórios sobre a ‘Saúde das Mulheres’, o ‘Clima e a Saúde’ e a ‘Menopausa’. Lançou ainda o Check Up Tool, um agregador de dados de saúde que permite comparar Portugal com qualquer país do mundo.