Estudo: Sobrevivência ao cancro aumenta nos Açores 589

Estudo: Sobrevivência ao cancro aumenta nos Açores

18 de dezembro de 2014

A taxa de sobrevivência em casos de cancro aumentou nos Açores, de acordo com um estudo do Centro de Oncologia dos Açores (COA), que analisou dados entre 2000 e 2009, divulgado ontem.

«A maioria dos cancros teve uma evolução favorável na sobrevivência entre o período 2000-2004 e o período mais recente (2005-2009)», refere um comunicado do COA.

Os tipos de cancro com melhor sobrevida cinco anos após o diagnóstico, entre 2005 e 2009, foram, nos homens, o da próstata (86,3%) e, na mulher, o da mama (79,3%). Já os cancros mais letais foram o do fígado (6,5%) e o do pulmão (7,9%).

A leucemia linfoblástica aguda em crianças demonstra uma alta taxa de sobrevivência (100%), embora tenham sido identificados apenas 16 casos, nos Açores, no período de dez anos em estudo.

Comparando os dados do período entre 2000 e 2004 com os do período entre 2005 e 2009, a maioria dos dez cancros mais comuns (estômago, cólon, reto, fígado, pulmão, mama, colo do útero, ovário, próstata, leucemia em adultos e leucemia linfoblástica aguda em crianças) regista um aumento da taxa de sobrevivência.

Por exemplo, no caso do cancro do reto, a taxa de sobrevivência foi de 45,8% no primeiro período e de 59% no segundo, enquanto no caso do cancro do cólon a taxa de sobrevivência aumentou de 46,9% para 51,9% entre os dois períodos.

O comunicado do Centro de Oncologia dos Açores destaca como fatores que poderão ter contribuído para essa evolução positiva «o diagnóstico mais precoce (quer por uma maior intensidade do rastreio oportunístico quer pela introdução do rastreio organizado ao cancro de mama, em finais de 2008), a redução da chamada mortalidade pós-operatória e os tratamentos mais eficientes».

Para Raúl Rego, presidente do conselho de administração do COA, estes dados demonstram que hoje o cancro não é sinónimo de morte.
«As pessoas começam a encarar a doença de cancro com outros olhos», disse à “Lusa”, acrescentando que o elevado número de casos está diretamente ligado ao aumento da esperança média de vida.

Na maioria dos tipos de cancro, a taxa de sobrevivência nos Açores é menor do que a nível nacional, mas Raúl Rego considerou que é difícil fazer «comparações com a realidade nacional» e lembrou que os serviços de oncologia nos Açores só foram criados «a partir da década de 80» do século passado.

Os dados do Registo Oncológico Regional dos Açores, elaborado pelo COA, integraram o estudo internacional CONCORD-2, liderado pela London School of Hygieneand Tropical Medicine.

Os resultados agora divulgados, baseados na análise de 5.038 pacientes, são os primeiros dados conhecidos sobre a sobrevivência em cancro nos Açores.

Desde 2011 que o Centro de Oncologia dos Açores divulga dados sobre a incidência do cancro na região, tendo registos desde 1997.