De acordo com o Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (NOVA-IMS), e segundo os utentes, um em cada quatro deixaram de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) com medo de serem contagiados com covid-19, mas, no geral, os profissionais de saúde são o que mais deve ser valorizado.
O trabalho, desenvolvido pela NOVA-IMS em colaboração com a AbbVie, a que a agência Lusa teve acesso, avaliou não só a evolução da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também o SNS do ponto de vista do utilizador.
Dos utentes questionados, 15,7% deixaram de ir a uma consulta com o médico de família no centro de saúde, 7,5% não foram a consultas de especialidade nos hospitais, 5,8% deixaram exames de diagnóstico por fazer e 7,3% optaram por não recorrer às urgências.
Isto levou a que 18,2% dos portugueses recorreram a serviços de saúde privados por falta de resposta no SNS ou por receio de contágio de covid-19.
O mesmo aconteceu com as consultas. Nas consultas externas de especialidade, o SNS deixou de fazer 7,5% e o privado teve um adicional de 13%. o mesmo aconteceu nos exames de diagnóstico, com o SNS a perder 5,8% e os privados a ganharem 7,9%, e nas urgências, com o SNS a perder 7,3%, e os privados a ganharem mais 2,9%.
O estudo mostra ainda, que em 2020, o ano da pandemia, a perceção da qualidade dos serviços melhorou na maioria das determinantes avaliadas, tendo apenas piorado a facilidade de acesso aos cuidados, ou seja, a facilidade de marcação e/ou admissão.
“A perceção da qualidade dos serviços de saúde foi muito boa, até cresceu, e também se refletiu ao nível da própria satisfação e da confiança dos utilizadores (…). Naturalmente que podemos dizer que este aumento da satisfação e da confiança dos utilizadores pode ser induzida por dois aspetos: pela expressão efetiva que eles tiveram, que foi de facto de uma resposta de qualidade, mas também pode ter sido refletida pode ter sido parcialmente induzida pela imagem que o SNS criou relativamente à resposta à crise pandémica”, indicou à Lusa o coordenador do estudo, Pedro Simões Coelho.
O estudo mostra que globalmente, os utentes consideram o preço do SNS mais adequado, assim como o preço que pagam pelos medicamentos. Apenas 19% diz que o preço das taxas moderadoras é inadequado, contudo o estudo sublinha que os utentes não têm uma perceção real do valor das taxas.
Os dados indicam ainda que 10,4% dos episódios de urgência não se realizaram devido aos custos associados (transportes ou taxas), o mesmo acontecendo com 3,9% das consultas externas e 2% das consultas com um médico de clínica geral ou médico de família num centro de saúde. Também 1,3% dos exames de diagnóstico ficaram por fazer pela mesma razão.
O estudo mostra ainda que desceu de 13,5% para 9,5% os utentes que, por questões financeiras, não compraram algum dos medicamentos prescritos pelo médico.
Para a maioria dos portugueses inquiridos, 54,2%, a covid-19 criou dificuldades no relacionamento com os familiares, em 30,8% foi a causa de depressões e em 39,6% de situações de ansiedade.
Três em cada quatro utentes que estiveram infetados com covid-19 (76%), consideram que o SNS teve uma resposta “boa” ou “muito boa” face à sua situação quando esteve infetado.