“O nosso grande objetivo é, a 31 de agosto, não termos nenhum doente fora do tempo de resposta garantido. Neste momento, temos cerca de 500 por agendar”, afirmou Eurico Castro Alves, coordenador do plano de emergência da saúde, ouvido na Comissão de Saúde, e citado pela Lusa, a pedido do grupo parlamentar do PS.
Deste modo, a meta é chegar a 31 de agosto com os 9.374 doentes oncológicos em lista de espera já operados ou com cirurgia marcada, estando atualmente 525 a aguardarem agendamento.
O médico adiantou ainda que 6.519 doentes já foram operados, no âmbito do programa de recuperação das listas de espera previsto no plano de emergência, 98,8% em hospitais públicos e os restantes nos setores social e privado.
O coordenador do plano explicou aos deputados que os 9.374 utentes é o universo total de doentes que, no período em que vigorará o programa de recuperação de listas de espera oncológicas, já ultrapassaram ou vão ainda ultrapassar o tempo de resposta garantido.
“Quando fizemos o trabalho de desenhar um plano até 31 de agosto, nós quisemos saber quantos doentes, nesse período, ficariam sem tempo de resposta garantido”, adiantou Eurico Castro Alves, para quem é preciso, porém, ter em conta que as listas são dinâmicas e todos os dias são acrescentados novos doentes.
Segundo referiu, se as listas de espera forem bem geridas retiram “20% ou 30% do problema”, ficando com menos doentes para serem operados, mas é “fundamental” que exista regulamentação que permita que isso aconteça.
O coordenador do plano adiantou que já propôs ao Governo que crie os mecanismos legais que permitam “dizer aos hospitais que nenhum doente com patologia oncológica deve ficar para trás”, enquanto é operado um doente com patologia benigna.
“Tem de estar na lei. Um doente oncológico não pode ficar para trás, a não ser que tenha uma boa explicação clínica”, alertou o médico, ao salientar que “há doentes mais recentes que são operados à frente de outros mais antigos”.
Realçando que não pretende acusar ninguém, Eurico Castro Alves atribuiu essa situação ao sistema, “que está a funcionar de tal maneira que gera alguns automatismos em que estas coisas acontecem”.
Por isso, reafirmou ser “importante responsabilizar as administrações hospitalares”, não no sentido de as perseguir, mas sim de lhes atribuir a responsabilidade de intervirem nas listas de espera.
“O administrador hospitalar, na minha opinião, tem como obrigação ir junto dos serviços, de quem gere os blocos operatórios, de quem marca as cirurgias, e fazer perguntas. Isso não tem estado a acontecer”, defendeu o coordenador do plano, para quem uma lista de espera de tem “ser gerida diariamente e proativamente”.
No final de maio, o Governo aprovou o plano de emergência e transformação na saúde, composto por cinco eixos prioritários, que incluem 54 medidas para serem implementadas de forma urgente, prioritária e estrutural.
Nesse âmbito, foi criado o programa específico para recuperar as listas de espera cirúrgicas de doentes com cancro, o OncoStop2024, que começou a funcionar ainda antes de o plano de emergência ser apresentado.