Europa quer acelerar aprovação de novos antibióticos 392

Europa quer acelerar aprovação de novos antibióticos

29 de Outubro de 2015

A União Europeia quer reduzir o tempo de investigação de novos antibióticos, que atualmente supera uma década. O objetivo é encontrar alternativas, já que os medicamentos mais antigos têm perdido eficácia e não existem novas moléculas no mercado.

Recentemente, a UE publicou um documento que pretende encurtar o tempo de investigação, encontrando as doses adequadas e eficazes no tratamento. Em Portugal as infeções hospitalares afetam um em cada dez doentes. Só em Gaia uma bactéria multirresistente matou três pessoas e infetou outras dezenas recentemente.

Tal como aconteceu nos Estados Unidos, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) tem tentado adequar a legislação na área dos antibióticos, proteger e aumentar o tempo das patentes e acelerar a investigação, produzindo documentos para a indústria. Agora, o organismo responsável pela avaliação de medicamentos a nível da UE colocou mais um no debate público.

José Artur Paiva, o diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos, diz que é «cada vez mais difícil tratar uma infeção, com o atual aumento das resistências a antibióticos; por outro lado, há menos medicamentos. Arriscamo-nos a viver num mundo sem antibióticos», alerta. Nos próximos tempos, «não está prevista a saída de novas moléculas, é por essa razão que é preciso tentar acelerar a investigação e criar mecanismos que a promovam», citou o “DN”.

O documento dedica-se ao papel da farmacocinética e da farmacodinâmica. A primeira é a forma como uma droga é absorvida pelo organismo, distribuída e excretada. A segunda estuda o efeito de uma determinada dose da substância na capacidade de matar ou travar o crescimento das bactérias.

Tendo em conta estes princípios, é possível evitar ou encurtar no tempo os estudos de dosagem durante os ensaios clínicos, exemplifica a guideline. Além de se acelerar a investigação, estas análises permitem identificar doses mais adequadas, mais seguras e com menor risco de se desenvolverem resistências.

Na semana passada, peritos de todo o mundo e representantes da Comissão Europeia e do departamento de Saúde dos Estados Unidos reuniram-se para definir estratégias para os próximos cinco anos para travar as resistências.