Europa quer apostar na prevenção devido ao preço dos fármacos inovadores 05 de Outubro de 2015 O ritmo acelerado a que estão a chegar medicamentos inovadores ao mercado vai continuar a aumentar e a «colocar pressão financeira» nos sistemas de saúde dos 28 Estados-membros, é esta a opinião de Vytenis Andriukaitis, comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar.
O responsável considerou que chegou a altura de a Europa combater o peso da inovação evitando, sempre que possível, que as pessoas adoeçam. «Temos de mudar o máximo possível o nosso paradigma dos cuidados de saúde para a prevenção», insistiu.
O comissário defendeu a sua posição num encontro com um grupo de jornalistas, que decorreu na sequência de um seminário em Bruxelas, dedicado aos 50 anos de regulação e legislação na área do medicamento.
O tema da prevenção, dos medicamentos inovadores e o problema relacionado com a eficácia e o preço dos mesmos foram transversais nos encontros. Já antes, durante a conferência, Andriukaitis tinha sublinhado que inclui na chamada «inovação médica» o foco na prevenção. «Precisamos de uma mudança da ideia de sistema de saúde ou de tratamento da doença para a prevenção e bem-estar», reiterou, acrescentando ainda que toda a inovação deve também passar a ser mais escrutinada e que os países devem partilhar mais informação para que cada vez mais se pague em função dos reais resultados que os tratamentos trazem para os doentes.
«Os medicamentos, os tratamentos inovadores e as vacinas custam dinheiro. Por vezes, são tão caros que nem os países mais ricos conseguem suportá-los. O acesso aos medicamentos cria uma grande tensão na sociedade, em especial porque o financiamento dos nossos sistemas de saúde tem uma base solidária», afirmou o comissário, citado pelo “Público”.
Depois, considerou que, no futuro, o «equilíbrio entre solidariedade e lucro» deve passar por reduzir os fatores de risco a que os cidadãos estão expostos e que são a causa de muitas das doenças que hoje mais peso têm.
Vytenis Andriukaitis admitiu que os orçamentos que os países dedicam à área da prevenção são demasiado curtos. Em geral os valores não vão além de 3% do total da despesa em saúde – como é o caso de Portugal.
«A União Europeia gasta pouco em prevenção em saúde, como é o caso os acidentes e de várias doenças crónicas, como a diabetes ou o cancro. E isso tem consequências económicas», reforçou. «É preciso combater os fatores de risco e reduzir o peso das doenças crónicas nos sistemas de saúde. Temos de mudar o nosso paradigma da medicalização para a prevenção. Temos de encorajar as pessoas a serem mais saudáveis. Não são palavras simples, estamos preocupados com a nossa sociedade e o nosso futuro e a gestão dos riscos deve ser o caminho”, acrescentou o também médico.
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