Europacolon quer ser ouvida sobre rastreio do cancro colorretal 297

18-Mar-2014

A Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino (Europacolon) quer ser ouvida sobre normas de orientação clínica para o rastreio de base populacional do cancro colorretal e para a realização de colonoscopias.

A Europacolon tomou ontem, no Porto, posição sobre o despacho do Ministério de Saúde n.º 3756/2014, relativo aos cuidados ao abrigo da convenção para a endoscopia gastrenterológica, considerando o seu presidente, Vítor Neves, que ele «demonstra vontade política» para a introdução de um rastreio alargado à população e não apenas paras pessoas que têm queixas.

«Contudo, será importante avaliar a capacidade de resposta que terá de ser significativamente aumentada em termos de disponibilidade de colonoscopias de diagnóstico» daquele cancro, sustenta também a Europacolon num documento distribuído à comunicação social com a sua «posição» sobre o despacho.

O médico Daniel Serrão, do Conselho Superior daquela associação, reforçou dizendo que são «precisos onde se possam fazer» esses exames, «para que o rastreio não fique em nada».

A Europacolon manifesta «grande apreensão» por se prever que «sedação será executada por um gastrenterologista e com um produto que não faz parte do estado da arte, o que contaria os procedimentos estabelecidos, com o aumento potencial da insegurança do exame».

O médico, vereador da Câmara Municipal do Porto e também membro daquele órgão da Europalon Manuel Pizarro foi mais longe salientando que, «no ordenamento técnico-jurídico da medicina portuguesa, só pode fazer sedação quem for anestesista».

A Ordem dos Médicos pronunciou-se ontem no mesmo sentido, avisando que o Ministério da Saúde está a propor uma sedação inadequada para as colonoscopias, que pode pôr em risco os doentes.

Segundo o bastonário da Ordem, José Manuel Silva, a tabela de preços associada ao despacho que vem permitir a sedação nas colonoscopias realizadas nos hospitais públicos prevê que a sedação seja feita por gastrenterologistas e não por anestesistas.

Manuel Pizarro admitiu, por seu lado, que «a questão dos custos tem o seu peso» nesta medida, «mas não pode sobrepor-se àquilo que é o ordenamento técnico das competências de cada profissional».

A sua opinião é que haverá uma «solução muito simples» para esta situação, «até porque não há nenhum gastrenterologista que se ofereça para fazer sedação». Daniel Serrão acredita que o Ministério da Saúde fará as alterações necessárias ao seu despacho e de acordo com a «opinião de pessoas que estão no terreno, conhecem as situações e que podem dar uma assessoria de mais qualidade».

«Aguardamos com expectativa o conhecimento da elaboração das normas de orientação clínicas, prometidas até ao final de março deste ano, dado que elas serão fundamentais para definir os critérios de rastreio, a metodologia a seguir r os meios necessários», realçou a Europacolon, citada pela “Lusa”.

Segundo esta associação, «o cancro colorretal é o tumor maligno com maior incidência» em Portugal: anualmente, surgem «mais de 7.000 novos casos e morrem mais de 3.000 pessoas».