Evento: Pegada carbónica do setor da saúde em debate 247

O Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA) e a Embaixada Britânica em Portugal, com o apoio da GSK, organizam a 2 ª edição da conferência Healthy Planet, Healthy People: A pegada carbónica do setor da saúde, no dia 9 de outubro, pelas 16h30, na Residência Oficial da Embaixadora Britânica em Portugal.

O evento tem como objetivo fomentar um debate interdisciplinar sobre a sustentabilidade ambiental no setor da saúde, com especial foco na minimização do impacto ambiental da terapêutica inalatória.

O evento vai juntar profissionais de saúde, representantes de associações de doentes e responsáveis governamentais, para discutir a pegada carbónica do sistema de saúde português e, em particular, a relação entre a terapêutica inalatória e as alterações climáticas, assim como a perspetiva dos profissionais de saúde e das pessoas com doença sobre a utilização de inaladores sustentáveis e terapêuticas mais ecológicas.

Pode ser acompanhado em direto aqui.

 

O impacto dos inaladores pressurizados

De acordo com um artigo publicado no início de setembro, na revista Acta Médica, citado em comunicado, o impacto ambiental, em Portugal, de inaladores pressurizados é superior a 30.000 toneladas de CO2eq por ano. Seria necessário plantar anualmente mais de 1,3 milhões de árvores – o equivalente a todo o Parque Florestal de Monsanto – para capturar estes gases da atmosfera. O impacto carbónico destes dispositivos equivale à pegada de 150 viagens transatlânticas entre Londres e Nova York.

Neste artigo, que reuniu o CPSA com as cinco especialidades que mais prescrevem inaladores e uma associação de doentes, foi também realizado um inquérito a 348 médicos destas especialidades, onde se conclui que só 53% dos médicos tem conhecimento sobre o impacto ambiental dos inaladores e 70% não tem em consideração este impacto no momento da prescrição.

 

O que vai estar em discussão

Face a estes resultados, os especialistas elaboraram um conjunto de recomendações que serão objeto de análise e debate durante o evento, procurando sensibilizar as autoridades e a população em geral, para a pegada carbónica dos inaladores, estabelecendo uma ligação com as alterações climáticas e as consequências das ações insustentáveis no meio ambiente e na saúde humana.

Para isso, pretende-se dar destaque a boas práticas implementadas por outros países nesta matéria, nomeadamente, o Reino Unido, em que o compromisso dos profissionais de saúde e das instituições têm levado à construção e adoção de práticas mais ecologicamente responsáveis na gestão das doenças respiratórias.

“Esta conferência tem como objetivo a discussão interdisciplinar sobre a importância da sustentabilidade ambiental no setor da saúde. A descarbonização do setor da saúde é um desafio que temos vindo a enfrentar, com especial atenção na pegada carbónica dos inaladores. Este evento é uma oportunidade para sensibilizar os profissionais de saúde, as autoridades e a população em geral para o reconhecimento e utilização de práticas e terapêuticas mais ecológicas”, afirma Luís Campos, Presidente do CPSA, também em comunicado.

 

Mortes por fatores ambientais

Atualmente, os fatores ambientais já são responsáveis por cerca de uma em cada quatro mortes a nível global. Em todo o mundo, nove em cada dez pessoas respiram ar que contém níveis de poluentes acima das diretrizes da OMS. As alterações climáticas têm como principal fator a emissão de gases com efeito de estufa. Com as políticas atuais, a temperatura do planeta elevar-se-á em 2,7ºC até 2100, muito acima dos 1,5ºC que resultaram do acordo de Paris.