O farmacêutico, natural de Ponte de Lima, especialista em Análises Clínicas, Manuel Pimenta faleceu esta quinta-feira (09), aos 86 anos, segundo noticiado no portal da Ordem dos Farmacêuticos (OF), tendo sido “um dos mais notáveis farmacêuticos portugueses e um cidadão com um sentido cívico notável”.
Em 2017, recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Farmacêuticos, pelo seu “elevado mérito”, “grande dedicação à profissão farmacêutica” e “contributo extraordinário para a valorização da atividade farmacêutica no seio da sociedade”.
Descendente de uma família com várias gerações de farmacêuticos, tradição a que os seus dois filhos deram continuidade, Manuel Pimenta sempre evidenciou um caráter humanista assinalável.
O laboratório de análises em Ponte de Lima
Entre 1966 e 1969 cumpriu serviço militar obrigatório. Após o desempenho de funções no Hospital Militar de Évora, foi mobilizado para a Guiné-Bissau, onde desempenhou o cargo de diretor do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Militar e do Hospital Civil, ambos na cidade de Bissau. Quando regressou a Portugal, ingressou no laboratório do Hospital da Misericórdia de Viana do Castelo, onde se manteve como diretor técnico durante nove anos.
Em 1978, fundou na sua terra natal, o Laboratório de Análises Manuel Pimenta, e foi alargando a atividade e serviços aos concelhos vizinhos de Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Freixo, Correlhã e São Martinho da Gandra.
A luta contra a ditadura
Militante do Partido Socialista, assumiu papel ativo na luta contra a ditadura e na construção da democracia, tendo sido deputado à Assembleia Constituinte, onde se manteve durante toda a legislatura. Participou ativamente na redação e aprovação da Constituição da República Portuguesa, a 2 de abril de 1976. Pelo facto, foi recentemente um dos homenageados, durante comemoração dos 40 anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa.
A fundação
Criada em 2009, a Fundação Manuel Pimenta ajudou a construir uma Maternidade do Cacheu, na Guiné, um projeto que estreitou as relações entre as “cidades-gémeas” de Viana do Castelo e de Cacheu, cobrindo um universo populacional de seis mil pessoas.
Com o mesmo caráter altruísta, em 2013, após ter equipado totalmente o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Pediátrico de S. José de Bor, na Guiné-Bissau, Manuel Pimenta empenhou-se pessoalmente, ainda segundo o portal da OF, “na preparação e na escolha do quadro de pessoas. Contratou especialistas portugueses e promoveu gratuitamente a deslocação de funcionários guineenses a Portugal para ações de formação presencial e de atualização de conhecimentos técnicos”.
O funeral realiza-se hoje, pelas 16:30 horas, na Igreja da Misericórdia de Ponte de Lima.