Falta de camas e de planeamento contribui para situação nos hospitais 06 de Janeiro de 2015 A Ordem dos Médicos salientou hoje que Portugal perdeu num só ano mais de 400 camas hospitalares, considerando que este problema, aliado à falta de planeamento, contribui para relatos sobre congestionamento nos hospitais «de norte a sul do país». O Ministério da Saúde admite que a afluência às urgências é maior nesta altura do ano «um pouco por todo o lado», mas adianta que «há serviços que estão a responder muito bem», enquanto outros «têm maior dificuldade». «Os que têm maior dificuldade estão nos grandes centros urbanos, mas nem todos nos centros urbanos se deparam com problemas», afirmou à agência “Lusa” fonte oficial do Ministério. Para a Ordem dos Médicos, os problemas de congestionamento nos hospitais estão a ocorrer um pouco por todo o país, com o bastonário a estimar que a situação se vai agravar quando Portugal entrar num período de maior epidemia de gripe. «Isto é consequência inevitável das medidas tomadas por este governo por razões economicistas, porque a saúde está a ser gerida como uma repartição de finanças», afirmou à “Lusa” o bastonário José Manuel Silva, criticando a falta de planeamento para preparar o inverno e o maior afluxo previsível de doentes aos hospitais e centros de saúde. O bastonário lamenta que só no período depois do natal tenham sido tomadas algumas medidas ao nível dos centros de saúde, que é onde considera que tem origem a maior parte dos problemas. «Enquanto a reposta dos cuidados de saúde primários não for a adequada, as urgências hospitalares vão estar permanentemente congestionadas em períodos de maior procura. O Ministério da Sáude devia ter feito planeamento para reforçar os horários de abertura dos centros de saúde e reforçar as equipas hospitalares, mas por razões economicistas não o fez», disse. Uma das soluções para os cuidados primários seria, segundo o bastonário, a contratação de médicos de família que se aposentaram precocemente. Nas contas da Ordem, nos últimos cinco anos reformaram-se 1.400 médicos de família, a maioria por antecipação. Para os médicos, outro problema central é a falta de camas nos hospitais, já que, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), Portugal tem quatro camas por cada mil habitantes. Esta questão tem-se vindo a agravar, sublinha José Manuel Silva, dado que só entre março de 2013 e março de 2014 se perderam 420 camas hospitalares. Na altura do Natal foram relatados problemas nas urgências do hospital Amadora-Sintra, que chegou a ter mais de 20 horas de espera, devido a problemas com os médicos escalados e a uma afluência maior do que o normal. Depois desta situação, o Ministério decidiu determinar aos centros de saúde da Grande Lisboa para alargarem os seus horários de funcionamento nos dias 30 e 31 de dezembro e 02 de janeiro. Já hoje foi noticiado que corporações de bombeiros de concelhos do Oeste, servidos pela urgência de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste, denunciaram que há ambulâncias a ficarem retidas no hospital por falta de macas, comprometendo o socorro às populações. |