Falta de material dificulta o trabalho nas Unidades de Saúde Familiar 13 de Maio de 2016 A maioria dos coordenadores das Unidades de Saúde Familiar (USF) identifica a falta de material para tratar utentes como o principal problema para o seu bom funcionamento, conclui um estudo sobre cuidados de saúde primários em Portugal. O estudo “O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2015/2016”, a que a “Lusa” teve acesso, revela que «91% das USF referem ter tido falta, no último ano, de material considerado básico» para a sua atividade normal. Segundo os resultados divulgados, dessas unidades, 32% referem ter «faltado material entre três e dez vezes» e 36,3% «mais de dez vezes». Os dados para o estudo, desenvolvido pelos médicos André Rosa Biscaia e António Pereira e pela psicóloga Ana Rita Antunes, foram obtidos através de um questionário realizado aos coordenadores das USF em funções. A finalidade foi «tomar o pulso à reforma e estabelecer um guião de forma a saber o que é necessário para que as condições das USF continuem a melhorar», indicou André Rosa Pereira. Cerca de 62,9% dos 450 coordenadores participaram no inquérito, efetuado em abril de 2016, o que, segundo o médico, demonstra o «empenho das USF na monitorização, avaliação e melhoria da reforma». A falta de equipamento informático, a falha nos sistemas de informação e a falta de recursos humanos para o atendimento telefónico foram outros dos problemas mais referidos pelos coordenadores. De acordo com André Rosa Biscaia, a maior parte dos utentes recorre ao atendimento telefónico para contactar as unidades de saúde, mas este método «é uma fonte de problemas e de conflito diário nas USF», situação que «piorou com as alterações nos contratos». «Passados dez anos da reforma, só metade da população é que está coberta» por uma destas unidades, referiu o médico, para quem este é o principal fator negativo, podendo, no entanto, ser colmatado com a abertura das 44 unidades que efetuaram a candidatura para tal. Apesar da insatisfação quanto a estes fatores, verifica-se «uma melhoria no acesso da população aos cuidados, uma maior satisfação dos profissionais e dos utentes quanto aos serviços, bem como uma maior eficiência», acrescentou. Naquela que é a sétima edição deste estudo, 92% dos coordenadores indicaram que uma maior autonomia dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) podia trazer melhorias e resolver os problemas com maior celeridade e eficiência. O “O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2015/2016” vai ser apresentado hoje, na Universidade de Aveiro, durante o 8.º Encontro Nacional das USF – Unidades de Saúde Familiar, subordinado ao tema “Cuidados de Saúde Primários: a aposta do novo ciclo político?”. |