Falta de medicamentos nas farmácias é «um problema grave», diz ANF
24-Mar-2014
Mais de um quarto (27,5%) do total de medicamentos disponíveis no mercado faltaram pelo menos uma vez nas farmácias em fevereiro. Desde meados do ano passado, em cada mês as farmácias não conseguem ter disponíveis cerca de cinco milhões de embalagens de fármacos e muitos são genéricos. Há perto de 17 mil medicamentos autorizados no mercado.
São dados da Associação Nacional das Farmácias (ANF) que, desde julho do ano passado, monitoriza este problema e que por isso não se surpreende com a informação divulgada nesta segunda-feira pelo “Jornal de Notícias”, de que a Autoridade Nacional do Medicamento (INFARMED) tem conhecimento de 716 medicamentos em ruptura de stock, 43 dos quais sem alternativa terapêutica. «O problema é grave, é transversal e já é conhecido há algum tempo. Faltam todo o tipo de medicamentos em Portugal», sintetiza o secretário-geral da ANF, Nuno Flora.
Os fármacos em falta, não especificados, são sobretudo medicamentos antipsicóticos, antiepilépticos, anticoagulantes e medicamentos para a doença de Parkinson e para a disfunção eréctil.
«Os doentes andam de farmácia em farmácia, alguns vão mesmo a Espanha comprar os medicamentos», descreve Nuno Flora. Uma solução passa por importar lotes de outros fornecedores, mas o processo é complicado e a importação nem sempre se consegue.
«O problema não se vai resolver enquanto não se atacarem as causas», sublinha o secretário-geral da ANF, para quem «a política de descida abrupta de preços» é o principal motivo do estado a que se chegou. «O nível de preços é tão baixo que os produtores deixam de ter interesse em colocar no mercado [vários medicamentos]», diz. Outra explicação é a cada vez mais complicada situação financeira das farmácias, que faz com que se vejam obrigadas a ter stocks reduzidos ao mínimo.
O INFARMED garantiu ao “JN” que nos últimos meses tem havido uma «notória diminuição» nas falhas de acesso aos fármacos. A ANF contrapõe que o problema não diminuiu, mas sim estabilizou. O “Público” pediu esclarecimentos ao INFARMED, mas até agora não obteve resposta.