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Falta fazer a regionalização da Saúde, diz Jorge Sampaio

16 de setembro de 2014

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio defendeu ontem que está por fazer «o percurso da regionalização da Saúde» e avisou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) devia de ouvir mais os seus utilizadores.

No dia em que se assinalam 35 anos da publicação da lei que criou o SNS Jorge Sampaio foi um dos oradores na cerimónia de encerramento das comemorações da efeméride, com elogios ao sistema mas também com avisos que é preciso enfrentar o futuro, com uma população mais envelhecida e com o aumento da prevalência de doenças crónicas.

Jorge Sampaio lamentou ainda que o acesso dos cidadãos ao SNS seja «penalizado por listas de espera excessivas», como excessivas para muitos cidadãos são as taxas moderadoras, e disse depois que o SNS devia de ouvir mais os utilizadores, nomeadamente em questões como os horários de funcionamento, as facilidades de acesso, a celeridade ou a cordialidade.

E além de estar mais próximo dos cidadãos utilizando as novas tecnologias de comunicação devia de haver também um «maior compromisso» entre o poder central e local na Saúde.

Com todos os intervenientes na sessão a elogiar o SNS, um dos seus principais criadores, o antigo ministro António Arnaut, foi também o mais aplaudido (de pé) quando discursou após ter sido homenageado com a medalha do Ministério da Saúde.

Aos presentes disse que o problema do SNS sempre foi de «sustentabilidade política», acrescentando que Portugal é dos países europeus que menos gasta em Saúde e que destruir o SNS seria «uma afronta à constituição». E aos jornalistas elogiou ainda o atual ministro da tutela, «um dos poucos com sensibilidade social».

E depois da apresentação de uma emissão de selos e de uma moeda sobre os 35 anos do SNS, e de mais condecorações e discursos, coube precisamente a Paulo Macedo encerrar a cerimónia, primeiro elogiando o SNS mas depois alertando para os desafios e mudanças que o futuro vai trazer.

O SNS é um «recurso reconhecido como dos mais relevantes após o 25 de abril», afirmou Paulo Macedo, acrescentando que se hoje a ambição do Governo é garantir o acesso universal à Saúde ainda «há desequilíbrios» e desafios.

Uma coisa é certa, disse, «o país está mais próximo, o acesso está mais agilizado». E quanto ao futuro há que ser realista, «os próximos anos são essenciais para o SNS, se não existir sustentabilidade não existirá SNS».

É por isso, defendeu o ministro, que é preciso «um acordo explícito que garanta um SNS para as próximas gerações».

Num dia em que a cerimónia de comemoração (no polo de Campolide da Universidade Nova) abriu com o primeiro-ministro, e em que se falou que os funcionários públicos vão deixar de ter benefícios acrescidos na Saúde, Paulo Macedo disse à “Lusa” que sobre essa matéria «não há nada».