Farmacêuticas justificam aumento de patrocínios: há mais medicamentos novos 04 de Agosto de 2016 Os laboratórios dizem que se os médicos não conhecerem os novos medicamentos, não os receitam e, assim, os doentes não os exigem. A meta é a comparticipação do Estado. A vice-presidente da APIFARMA diz não ter dados precisos sobre o aumento do valor dos patrocínios, mas considera normal face ao número crescente de novos fármacos: «A Indústria tem a missão de divulgar a inovação terapêutica junto dos médicos para que possa chegar aos doentes portugueses». A divulgação assume várias formas, sobretudo congressos, reuniões e palestras, mas também publicidade em revistas da especialidade ou estudos. Em declarações à “TSF”, Cristina Campos explica que são várias as especialidades onde se registam avanços, «tem havido inovação na área da oncologia, mas não só. A investigação em terapias para doenças cardíacas e respiratórias também tem tido resultados importantes». A Sociedade Portuguesa de Cardiologia recebeu quase um milhão de euros. Desde 2003, o registo de quem dá, mas também de quem recebe patrocínios na área da saúde é obrigatório. Está tudo acessível ao público na Plataforma da Transparência e Publicidade. Na compilação dos dados do primeiro trimestre, o INFARMED constata que há uma discrepância: a Indústria Farmacêutica regista patrocínios no valor de 36 milhões de euros, mas os beneficiários só registam 11 milhões. Cristina Campos responde: «Sobre a prática dos profissionais de saúde não nos compete a nós comentar». A Cardiologia é, segundo a vice-presidente da APIFARMA uma das especialidades que apresenta mais fármacos novos. Muitos dos novos medicamentos já estão autorizados pela Agência Europeia do Medicamento, mas não têm autorização de comparticipação do Estado português. Sem comparticipação são demasiado caros para os utentes e o governo insiste que só comparticipa depois de uma análise que comprove que os benefícios justificam o custo. Numa consulta aos patrocínios dados em 2016, constata-se que só a Sociedade Portuguesa de Cardiologia recebeu este ano perto de um milhão de euros dos laboratórios farmacêuticos. Depois das sociedades médicas e dos profissionais de saúde (praticamente só médicos), o maior beneficiário dos apoios financeiros dos laboratórios são as associações de doentes. Desde 2003 foram patrocinadas com mais de 4 milhões de euros. A vice-presidente da APIFARMA explica que são os doentes «quem melhor conhece as suas necessidades e quem melhor pode defender aquilo a que têm direito». «Achamos que os doentes também têm direito a informação de qualidade para fazer valer os seus argumentos, nomeadamente no diálogo com a tutela», acrescenta. |