Farmacêuticos Comunitários: “Um recurso de excelência para responder aos desafios de um sistema de saúde sob pressão” 597

Os farmacêuticos comunitários, pela sua proximidade à população e elevado nível de especialização, destacam-se como um recurso de excelência para responder aos desafios de um sistema de saúde sob pressão. Há cinco anos, enfrentámos um dos maiores desafios da nossa geração, a pandemia da Covid-19. Nessa altura, os farmacêuticos estiveram na linha da frente para garantir o acesso a cuidados de saúde de proximidade”, declarou Cidália Almeida da Silva, presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária, durante a cerimónia de tomada de posse dos conselhos dos colégios de especialidade da Ordem dos Farmacêuticos (OF), que aconteceu, no dia 06 de março, na sede da instituição.

 

Os desafios

De acordo com a farmacêutica, “hoje, enfrentamos desafios significativos: o reconhecimento e valorização do papel de farmacêutico especialista; a integração efetiva no SNS, garantindo que os serviços prestados sejam valorizados como essenciais para a saúde da população; a modernização da prática farmacêutica com novas competências; o acesso a dados clínicos relevantes para um acompanhamento mais eficaz dos utentes; a retenção de talento e a atração de novos especialistas, motivando-os para a área de farmácia comunitária; o novo sistema europeu da avaliação de tecnologias da saúde; o papel do farmacêutico na literacia em saúde, num contexto onde há tanta desinformação; e o impacto da inteligência artificial nos serviços farmacêuticos.

Cidália Almeida da Silva propõe, para transformar estes “desafios em soluções concretas”, trabalhar, em conjunto com a direção nacional da OF, com base nos seguintes três eixos.

 

Valorização e reconhecimento do título de especialista

“A especialização torna possível a implementação de serviços inovadores que se alinham com as necessidades da saúde local, que reforçam o papel do farmacêutico especialista como um elemento central na jornada de saúde do doente”, especifica a presidente do conselho deste colégio de especialidade, acrescentando que “pretendemos promover a sistematização de registos que permitam medir e melhorar continuamente o impacto dos serviços farmacêuticos, assim como criar evidência em saúde”.

 

Dinamização do processo de candidatura e formação contínua

Neste sentido, “defendemos a dinamização e simplificação do processo de candidatura, assim como a criação de um programa integrado de preparação para o exame da especialidade”, refere a farmacêutica, que defende ainda “o desenvolvimento profissional e científico através da formação contínua focada em áreas emergentes, garantindo a excelência nos cuidados prestados e aumentando o impacto dos serviços farmacêuticos na comunidade”.

 

Sustentabilidade e a integração no SNS

É o terceiro eixo. “A sustentabilidade social, económica e ambiental é uma prioridade inadiável”, indica Cidália Almeida da Silva, para quem “a transformação digital é outra dimensão essencial. Ferramentas como o registo de saúde eletrónico devem ser integradas na prática farmacêutica, permitindo uma gestão mais eficiente e personalizada dos cuidados ao utente”.

 

Fortalecer a especialidade

“Acreditamos que a aposta na formação contínua, na diferenciação e na especialização dos farmacêuticos é fundamental para consolidar a capacidade de intervenção em áreas-chave, como a implementação de novos serviços”, salientou ainda a nova presidente do conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária.

Por isso, “aos farmacêuticos que ainda não são especialistas, desafio-vos a abraçarem esta especialização, porque mais do que um título é um reconhecimento da vossa dedicação e competência“; já “aos colegas que já são especialistas, contamos convosco para fortalecer a especialidade e consolidar o papel no setor da saúde. O vosso conhecimento, experiência e envolvimento serão essenciais para atingirmos os nossos objetivos”, concluiu Cidália Almeida da Silva.