Aconteceu no início da noite da passada quarta-feira o webinar “Serviços Farmacêuticos e Geração de Evidência”, organizado pela Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF), no âmbito do Programa de Capacitação Científica. Durante duas horas discutiu-se a importância da geração e interpretação de evidência no universo da farmácia, com o início da sessão a estar a cargo de Cátia Caneiras, membro da Direção da SRSRA-OF, que explicou em traços gerais os intuitos do Programa de Capacitação Científica.
Moderada também por Cátia Caneiras seguiu-se depois uma Mesa Redonda que contou com a participação da presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Ema Paulino, e com os farmacêuticos João Pinto Basto – que falou de barreiras e oportunidades – e ainda António Teixeira Rodrigues, que abordou a perspetiva económica.
João Pinto Basto falou de barreiras e desafios como o tempo que as equipas têm, o fator recursos humanos e até o facto de os farmacêuticos “nunca se terem habituado a registar dados” para uma análise futura mais profunda. “Conseguimos registar informação dos nossos doentes e clientes, mas depois não conseguimos pegar nos dados que gerámos”, frisou.
Já António Teixeira Rodrigues partiu de um ponto de vista tecnológico, ao explicar que tinha perguntado ao ChatGPT, um recente e inovador sistema de inteligência artificial que existe online, quais os desafios da área, obtendo sete respostas: mostrar impacto dos serviços, falta de medidas standard entre estudos, custos de implementação, falta de evidência sobre a atividade, complexidade dos sistemas de saúde, medidas de longo prazo e falta de informação sobre as poupanças geradas.
Na sua intervenção, Ema Paulino foi desafiada a pegar no exemplo das vacinação e testagem à covid-19 para apontar perspetivas e a responsável da ANF frisou que já existe um registo desde 2008 (ano em que começou) da vacinação nas farmácias comunitárias e houve e tem de haver “predisposição” para registar e evidenciar e que é também um “papel” do farmacêutico, como aconteceu durante a pandemia.
No âmbito de uma recente ida ao Parlamento Europeu para uma reunião sobre um white paper sobre autocuidado, Ema Paulino disse que é extremamente importante “a geração de evidência em contexto de vida real para desenhar a jornada de saúde das pessoas”.
O último a ter a palavra foi o bastonário Helder Mota Filipe, que deixou uma novidade para uma área em que “o profissional baseia as suas intervenções na evidência e no estado da arte em cada momento”: a preparação, além da competência em oncologia, da competência em investigação clínica, sendo que ambas “vão entrar em consulta pública”.
Sobre esta última, o bastonário referiu que “é fundamental” visto existirem farmacêuticos espalhados pelas mais variadas áreas da saúde. “Há um conjunto de dados que todos nós geramos e com os quais convivemos, mas que não estão a ser usados e aproveitados da maneira que podiam e com o potencial que têm, porque muitas vezes não estamos preparados para os recolher e tratar e interpretar adequadamente”. Para isso, destacou a importância de “ter no terreno colegas com esta diferenciação”.
Leia tudo sobre este webinar na revista Farmácia Distribuição #364, referente a abril de 2023.