Farmacêuticos do IPO de Lisboa apresentam pedidos de exclusão de responsabilidade 1234

A Ordem dos Farmacêuticos informou esta terça-feira ter recebido novos pedidos de exclusão de responsabilidade de farmacêuticos que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. “Na sequência do pedido de demissão apresentado pela diretora do Serviço Farmacêutico do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, toda a equipa de farmacêuticos entregou ao Conselho de Administração um pedido conjunto de exclusão de responsabilidade, por considerarem que não estão ‘reunidas as condições para a prestação de cuidados de saúde com a necessária qualidade e segurança'”, lê-se no site da OF.

Todos os farmacêuticos do Serviço Farmacêutico do IPO de Lisboa, refere a mesma fonte, denunciam várias “situações preocupantes” relacionadas com a “carência de recursos humanos” e com a “manutenção e conservação das instalações e materiais”.

Os farmacêuticos em causa alertam que a acumulação de funções e o vasto número tarefas diárias que executam para tentar colmatar a insuficiências de recursos humanos têm “impacto em outras atividades críticas da farmácia hospitalar”, que acabam por ser “sistematicamente proteladas”, “colocadas em segundo plano” ou “realizadas em horário extraordinário”.

“Os 22 farmacêuticos que integram o serviço dão como exemplo das atividades mais afetadas os ensaios clínicos, a preparações de medicamentos oncológicos, o acompanhamento das visitas médicas, os desenvolvimentos nos sistemas de informação e de prescrição eletrónica, a gestão de stocks, a manutenção do sistema de gestão da qualidade, bem como a investigação, ensino e formação de farmacêuticos residentes”, diz a Ordem dos Farmacêuticos.

Destacam também a incapacidade para desenvolver novos serviços e projetos previstos pela tutela no Orçamento do Estado para o este ano, como é o caso da dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade.

Continua a OF: “O pedido de exclusão de responsabilidade surge dias depois da demissão apresentada pela diretora do Serviço Farmacêutico ao Conselho de Administração, que evocou escassez de recursos para fazer face ao aumento da produção do hospital. Esta responsável lamentou a incapacidade da administração para resolução dos problemas que vinha denunciando, que ameaçam o incumprimento das boas práticas na preparação de medicamentos, de acordo com as normas do Infarmed”.

Neste contexto, a OF solicitou a intervenção da autoridade reguladora, bem como autorização para realização de uma visita e reunião com os farmacêuticos do IPO de Lisboa com caráter de urgência.

“A OF solidarizou-se com a diretora do Serviço Farmacêutico e com a equipa de farmacêuticos, condenando as declarações públicas da presidente do Conselho de Administração, que minimizou os problemas de segurança denunciados e classificou o pedido de demissão da diretora do Serviço como um ‘desabafo'”, refere ainda a Ordem.

“Ao longo do último ano, a OF recebeu quase 200 pedidos de exclusão de responsabilidade de farmacêuticos de várias unidades do SNS, num universo de cerca de 800 farmacêuticos integrados na Carreira Farmacêutica no SNS. Desde então, tem vindo a reforçar a urgência na resolução dos problemas apontados por estes profissionais, junto dos respetivos Conselhos de Administração e do Ministério da Saúde”, finaliza o comunicado.