O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) exigiu hoje (dia 13) a retoma das negociações com o Ministério da Saúde, lembrando que as reuniões têm sido sucessivamente adiadas e que, entretanto, o Governo tem chegado a acordo com outras classes profissionais.
Numa nota enviada à Lusa, o SNF diz que ouviu “com perplexidade” as declarações da ministra da Saúde no parlamento esta semana, quando disse esperar que as negociações com os farmacêuticos estejam em “fase quase final” e recordou que a última ronda negocial decorreu em setembro.
A reunião seguinte tinha sido marcada para 02 de outubro e, como foi desmarcada sem nova data, os farmacêuticos convocaram uma greve para entre 22 e 24 de outubro, com uma adesão que rondou os 90%.
Depois desta paralisação, foi agendada nova reunião para 27 de novembro, que foi novamente adiada para 12 de dezembro, altura em que a tutela adiou mais uma vez o encontro, passando-o para dia 27 de dezembro.
“Enquanto os farmacêuticos enfrentam entraves nas suas negociações, o Governo avança com acordos noutras áreas profissionais, incluindo classes que iniciaram os seus processos negociais muito depois”, refere o SNF, acrescentando: “Torna-se por demais evidente que os constrangimentos orçamentais e de agenda parecem aplicar-se apenas aos farmacêuticos”.
Na nota enviada à Lusa, os farmacêuticos exigem urgência na finalização deste processo negocial, sublinhando a necessidade de uma proposta de grelha remuneratória que “reconheça plenamente as responsabilidades e a complexidade das funções” exercidas pelos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e apelam “a um compromisso e à boa-fé” dos ministérios da Saúde e das Finanças.
O sindicato lembra que a tabela remuneratória dos farmacêuticos permanece inalterada desde 1999, enquanto ao longo destes 25 anos “todas as outras tabelas remuneratórias das carreiras revistas da saúde foram atualizadas”.
Sublinha que os farmacêuticos “enfrentam condições de trabalho degradantes, sem qualquer perspetiva de evolução, o que obriga muitos destes profissionais a abandonar o SNS ou a emigrar.
“O colapso dos serviços farmacêuticos está iminente, colocando em sério risco a gestão segura e eficaz de medicamentos, a preparação de quimioterapia e nutrição parentérica, a prevenção de erros no diagnóstico e na medicação, entre inúmeras outras atividades, ameaçando a saúde pública em Portugal”, considera a estrutura sindical.
Na greve de outubro, o sindicato recordou que a grelha salarial dos farmacêuticos data de 1999 e que os cerca de mil profissionais que exercem no SNS gerem a segunda maior fatia do orçamento da Saúde e conseguem, pela gestão de fármacos, uma poupança anual que “só por si pagaria o aumento”.