Farmacêuticos em greve entre hoje e quinta-feira 154

Os farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão estar em greve entre hoje e quinta-feira contra o impasse nas negociações com a tutela, estando uma concentração agendada, para quinta-feira (24),  junto ao Ministério da Saúde, pelas 14:00.

A greve, que se iniciou às 00:00 de hoje e termina às 23:59 de quinta-feira, surge depois de a tutela ter adiado uma reunião que estava prevista para o início do mês.

O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) afirmou, em comunicado, na altura, não compreender o adiamento: “ao fim de seis meses de reuniões onde nos foi reiteradamente assumido que a situação absurda em que os farmacêuticos se encontram no SNS era compreendida, quer pelo Ministério da Saúde, quer pelo Ministério das Finanças e que era seu entendimento ser necessário corrigir a mesma de imediato, o certo é que nada foi efetivamente feito para que isso acontecesse”.

O sindicato acrescentou ainda que “deu espaço, latitude e tempo a este Governo para que hoje (outubro de 2024) estas negociações estivessem concluídas ou pelo menos em vias de o serem”.  E, no seu entender, “não existe nenhuma razão financeira ou dificuldade orçamental que justifique esta situação e isso foi inclusive, assumido pelo Governo em diversas reuniões”.

Por isso, para o SNF, é “pura vontade política, ou falta dela, que traz estas negociações bloqueadas”.

A 03 de outubro, o presidente do SNF, Henrique Reguengo afirmou, à Lusa, que, seis meses depois de negociações, não havia um ponto do caderno reivindicativo apresentado em abril que estivesse resolvido.

O responsável sublinhou que a grelha salarial dos farmacêuticos data de 1999 e que os cerca de 1.000 que exercem no SNS gerem a segunda maior fatia do orçamento da Saúde e conseguem, pela gestão de fármacos, uma poupança anual que “só por si pagaria o aumento”.

Henrique Reguengo disse ainda estranhar o adiamento da reunião, que estava agendada o início do mês de outubro, alegando que nas reuniões “foi perfeitamente claro e assumido (…) que [o Governo] reconhecia que a situação dos farmacêuticos era absurda (…) e que era necessário intervir e mudar rapidamente”.

Recordou que o sindicato já tinha ajustado a proposta inicial e considerou que, com a falta de contraproposta por parte do Ministério da Saúde e o adiamento da reunião, o Governo mostra “falta de vontade política”.

Lembrou que a intervenção farmacêutica é cada vez mais complexa e necessária e que, desta forma, o SNS vai ter cada vez menos pessoas interessadas na profissão, sublinhando que alguns internos (da residência farmacêutica) já estão a sair.

“Os farmacêuticos, para já, têm uma empregabilidade de 100%. Se não vierem para o SNS, vão para outro sítio onde lhes paguem como merecem”, concluiu.