Quando, em 1979, a Lei nº 56/79 materializou a saúde como um bem universal e geral, não imaginaríamos que, quase meio século depois, estaríamos a discutir a sua sustentabilidade e viabilidade.
Vaticina-se a desgraça precisamente nos caminhos que podem reverter o colapso. A transformação digital e a inteligência artificial (IA), entre outros, constituem precisamente formas de tornar mais eficiente a gestão do nosso Sistema de Saúde e, em particular, do SNS, ao libertar os (cada vez mais) escassos recursos humanos para as vertentes da clínica e do cuidado.
Os principais problemas residem na falta de maturidade digital, na dificuldade em gerir e processar a multi-informação, e a escassa interoperabilidade entre classes profissionais e serviços.
Preservar e defender a sustentabilidade do Sistema de Saúde, nomeadamente do SNS, depende, mais do que nunca, de colocar a prevenção no centro dos cuidados de saúde. Prevenir doenças significa reduzir a pressão sobre os serviços de saúde, evitando hospitalizações e melhorando a qualidade de vida das populações. Prevenir consome menos recursos, é mais barato e, simultaneamente, permite a deteção precoce de doenças, o que significa que a longo prazo serão realizados tratamentos mais eficazes, exigindo menos recursos, e, fundamentalmente, menos tempo e sofrimento dos doentes.
Urge também investir na promoção da literacia em saúde da população. Uma população informada, e capacitada para o autocuidado, é uma população mais saudável.
Poderia continuar a citar medidas de promoção da sustentabilidade do SNS, e de melhoria global da saúde dos portugueses. Suscitar debates sobre políticas de saúde, promover políticas saudáveis e fomentar saúde em todas as políticas são algumas delas, pois a saúde não é tudo, mas tudo é nada sem saúde.
Acredito, contudo, que estas questões já nos fornecem o pano de fundo necessário para enquadrar as linhas de ação do programa eleitoral da Lista L, que tenho a honra de liderar. Uma lista de farmacêuticos de competência reconhecida, com vasta experiência, e que incorpora os saberes das principais áreas do exercício farmacêutico. Os atuais desafios da Ordem dos Farmacêuticos, impostos pela recente alteração estatutária, bem como os enormes desafios que enfrenta a profissão farmacêutica, não se compadecem com amadorismos.
Estamos seguros de que uma maior centralidade do farmacêutico, no seio do Sistema de Saúde, e do SNS, contribuiria para melhorar de forma substancial os resultados em saúde, a saúde e o bem-estar dos cidadãos, contribuindo também para suster o caminho de insustentabilidade que se adivinha para o SNS.
As linhas de ação da Lista L alavancam, assim, um conjunto de medidas que visam posicionar o farmacêutico no Centro! No Centro da ação e no Centro da decisão!
No Centro da Ação, acompanhando o farmacêutico na sua trajetória profissional, oferecendo uma gama de ferramentas de apoio, como formação estruturada e adaptada às necessidades do desempenho profissional, incluindo as áreas da transição digital e da inteligência artificial, apoio técnico e jurídico, mentoria, entre outros, com o objetivo de consolidar o farmacêutico como um elemento relevante e diferenciador nas equipas de saúde.
No Centro da Decisão, dignificando e promovendo a valorização da profissão farmacêutica, através de iniciativas diversas de valorização social do farmacêutico, e pugnando pela voz ativa do farmacêutico na definição, implementação e avaliação de políticas de saúde e do medicamento.
Acima de tudo, queremos contar com os nossos colegas! Queremos contar com as suas sugestões, com as suas propostas, com as suas críticas e, acima de tudo, com a sua postura exigente e intransigente relativamente ao cumprimento daquilo que é a missão da Ordem!
Estamos certos de que as nossas propostas, aliadas à nova metodologia de ação e de intervenção que propomos para a Secção Regional do Centro (que podem ser consultadas integralmente no Programa Eleitoral da Lista L, em linktr.ee/ListaL.OFSRC) são as mais adequadas para enfrentar os desafios da profissão farmacêutica e promover o bem-estar e a saúde dos cidadãos.
Contamos com a confiança dos farmacêuticos da região centro!
Lúcia Santos
Candidata a presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Farmacêuticos (Lista L)
