Ano novo, novas resoluções e expectativas renovadas, mas os anseios de um estudante há muito que se mantêm os mesmos.
Com isto queremos pensar: O que querer da Farmácia? Qual a Farmácia do Futuro para nós? Será que temos a Farmácia preparada para esta geração que está a acabar o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas?
A Farmácia do Futuro para os millennials assenta num conjunto de alterações que passam não só por uma mudança no paradigma do papel do farmacêutico, bem como o espaço que o envolve.
A Farmácia para nós e para a geração do século XXI está a passar de um espaço de venda de produtos, para um espaço de transmissão de conhecimentos, no qual os utentes se revelam cada vez mais exigentes. A necessidade de profissionais sempre disponíveis, dispostos a fornecer a solução ideal a custo zero, torna o farmacêutico um profissional com a necessidade e responsabilidade de se reinventar e de conseguir dar a resposta.
Contudo, o espaço da Farmácia tem de acompanhar esta nova sociedade do “já e agora” que é ávida das tecnologias e de estratégias que impliquem a rentabilidade do seu escasso tempo disponível.
Perante estes dois fatores, nós, futuros farmacêuticos, temos de assumir um compromisso: garantir a satisfação dos nossos utentes e proporcionar-lhes a melhor rede de cuidados primários de saúde. Isto implica oferecer cuidados de saúde a duas gerações diferentes, onde temos a geração X, a geração dos nossos pais, que foi concebida na transição do mundo tecnológico e cuja adaptação é um processo mais lento e gradual, e a nossa geração, a geração Y, a primeira que nasceu verdadeiramente neste meio incipiente e cria aqui as novas necessidades, construindo o ambiente propício para uma nova geração de saúde. Em 2012, nós, millennials, éramos cerca de 20% da população mundial, o que representa cerca de 1,52 biliões de pessoas! 1,2 biliões de pessoas que nasceram e cresceram no mundo digital e para os quais não temos infraestruturas capazes de nos receber.
As Farmácias de 2018 não são exceção. Hoje falamos de intercolaboração, de um farmacêutico contactar com o médico, de forma a analisarem uma prescrição em conjunto, de um enfermeiro notificar um farmacêutico acerca de um esquema posológico que não está a ser o mais eficaz naquele utente, nas TICs como critério de inclusão da sociedade e promoção da literacia para a saúde, na prática de farmácia clínica em farmácia comunitária.
Perante este cenário resta-nos uma boa análise SWOT ao panorama (sim, mais siglas e estrangeirismos – que mais seria de esperar de nós?):
#S. Os millennials são a geração da aprendizagem rápida e da versatilidade. Temos cada vez mais profissionais a saírem das IES com um espírito empreendedor e criativo, pronto a entrarem nas Farmácias com ideias de adaptação às exigências do mercado.
#W. Como fraquezas sentimos relutância da absorção desta massa jovem cheia de projetos, vendo assim as perspetivas diminuídas, tanto a nível de carreira como realização profissional.
#O. A necessidade de inclusão das TICs revela-se uma oportunidade, pois exige per se a redefinição do conceito de Farmácia moderna e ao qual nós somos a resposta.
#T. É ainda para nós uma ameaça não estarmos integrados no SNS, como a maior rede de cuidados primários de saúde, e as perspetivas limitadas de progressão de carreira dentro da Farmácia.
Cientes disto, estamos dispostos a lutar pelo sonho daquela que é para nós a Farmácia do Futuro. E os futuros colegas estão dispostos a receber-nos?
Adriana Machado,
Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)