Farmácias de Cascais já realizaram 650 testes rápidos de VIH/Sida e hepatites 2863

Vinte e uma farmácias de Cascais efetuaram cerca de 650 testes rápidos de rastreio do VIH/Sida e dos vírus da hepatite, desde a autorização para a sua realização nestes espaços, concedida há seis meses, segundo dados divulgados à agência “Lusa”.

A realização dos testes rápidos nas farmácias comunitárias e laboratórios de análises clínicas foi autorizada em 2018 por despacho do secretário de Estado Adjunto e da Saúde da altura, Fernando Araújo. A medida arrancou em outubro com um projeto-piloto em Cascais e com a indicação de que iria ser alargada a outras zonas do país.

A coordenadora da Ser+ – Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida revelam à “Lusa” que, desde outubro de 2018 até 01 de abril, foram realizados 349 testes rápidos para o VIH/sida e 290 teste rápidos para a Hepatite C. Andreia Pinto explicou que estes testes foram realizados de forma gratuita e confidencial.

Até ao final do 2018, quando tinham sido realizados 188 testes para o VIH e 153 e para a Hepatite C, um teste deu reativo para o VIH/sida e dois para a Hepatite C, avançam os dados fornecidos pela ANF.

Andreia Pinto esclareceu que o diagnóstico não se faz sem a ligação aos cuidados de saúde e que, no caso das farmácias, os farmacêuticos perante um teste reativo devem sinalizar o utente, com o seu consentimento, utilizando a Linha de Saúde 24. «Fazer um diagnóstico só pelo simples ato de diagnosticar», sem fazer a comunicação imediata no caso de um teste reativo aos cuidados hospitalares, «seria criminoso», advertiu.

Para a coordenadora da Ser+, a adesão progressiva a esta iniciativa mostra que «as pessoas começam a estar despertas para quererem conhecer melhor a sua saúde».

Raquel Lourenço, da Farmácia Cascais, que se juntou ao projeto desde o início e tem neste momento três farmacêuticas a realizar os testes, partilha da mesma opinião. «Quando aderimos [ao projeto], pensámos que não íamos ter grande procura, mas as pessoas estão a procurar imenso», disse Raquel Lourenço, anotando que o teste é feito «tanto por homens como mulheres», como por «pessoas com 18 anos ou pessoas com 86 anos».

Para a farmacêutica, a procura pode dever-se ao teste ser feito de imediato e ter «o resultado na hora», ao contrário de um feito através do médico.

«Todos estes passos podem fazer com que a pessoa desista à partida», afirmou Raquel Lourenço, que recebeu formação para realizar os testes, promovida pela OF, no âmbito da iniciativa da ONU “Fast-track cities – Cidades na Via Rápida para eliminar o VIH”, que tem o objetivo de transformar, até 2030, Portugal num país livre da epidemia de VIH/sida.

Segundo Andreia Pinto, o projeto só está a ser implementado em Cascais, porém mais nove municípios aderiram à iniciativa da ONU, entre as quais Lisboa e Porto. Cada cidade a nível mundial define as táticas que consideram ser as mais adequadas para alcançar as metas definidas: «Diagnosticar, tratar e alcançar o sucesso terapêutico na área do VIH», descreveu.

A seu ver, a ação estratégica desenvolvida em Cascais devia ser replicada noutros municípios e «se for de uma forma gratuita melhor ainda», fez notar.

O Ministério da Saúde adiantou à “Lusa” que o processo de adesão das farmácias é «absolutamente voluntário». «Sempre que pretenderem prestar esse serviço têm que comunicar ao INFARMED, no pressuposto de terem formação para o efeito e de cumprirem uma série de requisitos. Podem, depois, ser sujeitas a inspeção», informou o Ministério a uma resposta à “Lusa”.

O INFARMED informou que apesar de cerca de quarenta farmácias terem comunicado que gostariam de fazê-lo, há farmácias que, por falta de alguma das condições, não disponibilizam este serviço neste momento.