O Estado pagou 12 milhões de euros às farmácias entre janeiro de 2017 e março do ano vigente para incentivá-las a dispensar os medicamentos mais baratos. A venda de fármacos mais económicos cresceu 3% no ano passado, mas, na prática, a maioria dos portugueses continua a comprar genéricos mais caros. As farmácias garantem que estão a perder milhões de euros na faturação.
No final do ano transacto, entre os genéricos vendidos, só 37% correspondiam a medicamentos com preço igual ou inferior ao 4.º mais baixo de cada grupo homogéneo. Os utentes optam pelos preços mais elevado quer por hábito, quer seja por associar erradamente a qualidade ao preço.
Este regime contempla o pagamento de 35 cêntimos às farmácias por cada embalagem dispensada dos medicamentos mais baratos.
O INFARMED sublinha que o apoio financeiro do Estado está a ser concedido aos genéricos, mas também aos fármacos de marca, desde que tenham preços reduzidos.
A Associação Nacional das Farmácias (ANF) alerta que o Estado não está a compensar o esforço das farmácias, apesar de considerar a medida positiva e defender a sua manutenção.
Embora o incentivo de 35 cêntimos, a ANF sublinha que a equação prevista no programa faz com que após o acerto de contas entre as farmácias e o estado o valor real, em 2017, tenha baixado para os 24 cêntimos. Valor que torna as contas das farmácias mais difíceis, adianta.
«A opção pelos genéricos representou uma perda de faturação no valor de 25,4 milhões de euros em 2017. Ou seja, mesmo considerando o incentivo, as farmácias perderam 16,8 milhões», frisa a ANF ao “Jornal de Notícias”, ressalvando que «o regime de incentivos aos medicamentos genéricos é um bom instrumento de aproveitamento da rede das farmácias em favor dos objectivos estratégicos do Serviço Nacional de Saúde».