Um fármaco já aprovado nos Estados Unidos para combater alguns tipos de cancro – a cordicepina – consegue retardar a progressão da doença de Machado-Joseph, segundo um estudo da Universidade do Algarve. A maior prevalência a nível mundial desta doença ocorre nos Açores.
O estudo, realizado em colaboração com a Universidade de Coimbra, foi feito em modelos animais e mostra que a progressão da doença é substancialmente retardada com a administração continuada daquele fármaco, «tanto a nível neuronal como nos seu efeitos, em termos de sintomas», explicou ao jornal “Diário de Notícias” Clévio Nóbrega, investigador do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve e o coordenador do estudo.
«Administrámos o fármaco de forma continuada durante quatro e oito semanas em modelos animais e, em relação ao grupo que não teve qualquer tratamento, os animais que receberam o fármaco já mostravam menos sinais neuropatológicos e menos sintomas ao fim de quatro semanas, que se tornaram ainda mais evidentes após as oito semanas», afirmou Clévio Nóbrega.
«Não se trata de uma cura», sublinha o investigador. No entanto, os efeitos são claros: após oito semanas, os animais que receberam o fármaco apresentavam «três vezes menos agregados da proteína que, ao acumular-se nos tecidos cerebrais, causa a doença, e três vezes menos sintomas ao nível do comportamento motor, em relação aos restantes animais», explica o investigador.
Após as oito semanas, os animais que receberam o fármaco apresentavam três vezes menos sintomas ao nível do comportamento motor.
«Vamos disponibilizar toda a informação de que dispomos para poder fundamentar um futuro ensaio clínico com este fármaco em doentes», garante Clévio Nóbrega.
Os resultados deste estudo foram publicados na revista científica “Human Molecular Genetics”.