Federação alerta para a necessidade de mobilização urgente de dadores de sangue 599

A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) alertou esta terça-feira para a necessidade de mobilização urgente dos dadores, considerando que os últimos dados oficiais apontam para “níveis preocupantes” das reservas de diversos grupos sanguíneos.

Em comunicado, a federação lembra que a última informação disponibilizada pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), no passado dia 27 de dezembro, já dava conta de “reservas limitadas em diversos grupos sanguíneos”, designadamente no A-, B-, O+ e O-, Lembrando que o mês de janeiro “é historicamente um mês de diminuição muito significativa das dádivas”. A FEPODABES diz que se verificam atualmente “todas as condições para a ocorrência da tempestade perfeita para uma falta de sangue de proporções verdadeiramente históricas e preocupantes”.

Citado em comunicado, a que a Lusa teve acesso, o presidente da direção, Alberto Mota, lembra que nos últimos dias “têm chegado à FEPODABES relatos preocupantes, existindo o risco real de cancelamento de cirurgias devido à escassez de sangue”.

O responsável critica ainda o facto de o IPST ter deixado de disponibilizar “informação atualizada diariamente sobre as reservas de sangue”, que era divulgada no ‘site’ www.dador.pt, considerando que tal decisão “veio também contribuir para a desmobilização generalizada dos dadores”.

“Falta-lhes informação que os sensibilize para a necessidade da dádiva e que crie o sentido da importância – e por vezes urgência – do seu gesto benévolo”, diz ainda Alberto Mota. Alerta ainda para “a necessidade de atuação atempada, enérgica e proativa do IPST, antes de estarem esgotadas as reservas”, sublinhando que é preciso “ir ao encontro dos dadores e não esperar pela diminuição das dádivas”.

Numa nota informativa enviada a meio do mês de dezembro aos profissionais dos serviços de sangue hospitalares e às federações de dadores, a Comissão para a Reserva Estratégica e Plano de Contingência (CREPC) do IPST chamava a atenção para a “necessidade de continuar a sensibilizar a população dadora para a dádiva de sangue”, apontando para um défice de colheita no mês de novembro comparativamente a períodos homólogos pandémicos e período pré-pandémico.

Na mesma nota, a CREPC recomendava medidas como o reforço do envio de mensagens aos dadores regulares, a seleção e convocação de dadores por grupos sanguíneos mais carenciados, intensificação da colheita de componentes por aférese, designadamente plaquetas.

Uma dádiva pode salvar até três vidas

O Instituto Português do Sangue também o apelo à dádiva, lembrando que os meses de janeiro e fevereiro “são os mais críticos” e que uma dádiva de sangue pode salvar a vida a três pessoas.

Em declarações à agência Lusa, a presidente do IPST, Maria Antónia Escoval, explicou que nestes meses há sempre uma diminuição das dádivas, “por um lado, por causa das infeções respiratórias, por outro, por causa das condições atmosféricas, que condicionam bastante a disponibilidade dos potenciais dadores se deslocarem aos locais de colheita”.

“Precisamos de todos aqueles que possam fazer, que realizem a sua dadiva. E para todos os que nunca deram sangue, esta é uma excelente oportunidade para o fazerem pela primeira vez”, disse a responsável, sublinhando: “se pensarmos que uma dádiva de sangue pode salvar até três pessoas, é um gesto de extraordinária solidariedade”.

Segundo a informação disponibilizada à Lusa, com dados até esta terça-feira, as reservas de sangue e componentes sanguíneos do IPST situam-se entre os quatro dias para O positivo e O negativo, cinco dias para A negativo e 45 dias para AB positivo. Os dias de reserva considerando as existências nos hospitais situam-se entre os 18 dias para O positivo, os 20 dias para A positivo e os 57 dias para AB positivo.