Ferramenta poderá reduzir 25% das falhas com antiobióticos no pós-cirurgia
16 de julho de 2018 Um investigador do Centro de Investigação em tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) recebeu um financiamento de aproximadamente 170 mil euros para criar uma ferramenta que poderá reduzir 25% das falhas na administração de antibióticos em casos de cirurgia. A bolsa de 200 mil francos suíços – cerca de 170 mil euros – atribuída ao investigador Américo Agostinho pelos Hospitais Universitários de Genebra (HUG), será aplicada no desenvolvimento de um sistema computadorizado de apoio à decisão médica, que visa melhorar a administração da profilaxia cirúrgica, informou o Cintesis, citado pela “Lusa”. Neste projeto, será avaliado o impacto clínico da ferramenta na prevenção de infeções do local cirúrgico nas intervenções da anca, joelho, cólon, reto, neurocirurgias lombares e cirurgias cardíacas. Com o auxílio da ferramenta, serão recolhidos dados dos doentes que já estão no sistema informático do hospital (tipo de cirurgia, peso, alergias e se tem ou não agentes microbianos patogénicos, por exemplo) para propor o antibiótico mais adequado e relembrar se este deve ser readministrado, no caso de a operação se prolongar. «Da mesma forma que um GPS indica o caminho a seguir, o sistema que estamos a desenvolver vai indicar aos médicos, no bloco operatório, que antibióticos administrar, em que quantidade e com que intervalo de tempo», indicou Américo Agostinho, referido em informação do Cintesis. De acordo com o investigador, apesar de existir «sempre a possibilidade de [os médicos] seguirem ou não essa indicação», este lembrete vai permitir diminuir os erros de administração de antibióticos. Segundo o Cintesis, as orientações internacionais apontam a existência de um antibiótico recomendado para cada operação, em função do risco de infeção associado a essa cirurgia. No entanto, devido a vários fatores (urgência, inexperiência, falta de tempo, entre outros) «registam-se taxas de erro em torno dos 30% na administração de antibióticos na profilaxia cirúrgica», o que leva a um aumento das infeções hospitalares e da resistência aos antimicrobianos, alertou Américo Agostinho, especialista em prevenção da infeção. As infeções hospitalares, avançou ainda o Cintesis, foram reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como «um dos fatores que mais comprometem a segurança dos doentes, no âmbito da prestação de cuidados de saúde». «As infeções do local cirúrgico são responsáveis por 20% a 30% das infeções hospitalares, mas são elas que têm maior influência em termos de morbilidade, mortalidade e despesas para os hospitais e para a sociedade», lê-se no resumo do projeto, igualmente referenciado pelo Cintesis. As taxas de infeção do local cirúrgico variam entre 2% a 20%, dependendo do hospital e tipo de cirurgia, com uma taxa de mortalidade estimada entre 0,4 a 0,8%, acrescenta a informação disponibilizada pelo centro de investigação. O especialista explicou que, segundo estes dados, por ano, a nível mundial, cerca de sete milhões de doentes desenvolvem uma infeção do local cirúrgico, das quais morrem um milhão. Este projeto está a ser desenvolvido no âmbito da tese do investigador no Programa Doutoral em Investigação Clínica e em Serviços de Saúde (PDICSS), da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Além de Américo Agostinho, que é enfermeiro especialista em prevenção e controlo da infeção, no serviço homólogo nos HUG, participam neste projeto, designado ‘Improving perioperative antimicrobial prophylaxis by the use of a computerized decision support system’, dois investigadores do CINTESIS, sete dos HUG e um da Universidade de São Paulo. |