Fim de financiamento põe em causa tratamentos para esclerose múltipla e VIH em Braga 28 de Abril de 2016 Os doentes com esclerose múltipla e VIH, acompanhados no hospital de Braga, estão em risco de ficar sem tratamentos, devido à suspensão do acesso ao programa de financiamento para as duas doenças, denuncia a Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM). Os hospitais do SNS acedem, desde que cumpram um mínimo de 150 doentes seguidos, ao programa de financiamento. Por mês por doente com VIH recebem 764 euros e 1.031 euros mensais por doente com esclerose múltipla. O Ministério da Saúde afirma que os contratos de gestão das parcerias público-privadas (PPP), como é o caso do hospital de Braga, traçam o perfil de doentes a que têm de dar resposta. No caso de Braga engloba as duas doenças, pelo que os doentes vão continuar a ter acesso aos cuidados sem qualquer discriminação. O mesmo não entende a TEM, que afirma que o acesso a medicamentos inovadores está em causa e que a decisão vai contra a liberdade de escolha que o ministério tem defendido. «Os doentes estão no meio de uma guerra de números e lucro. Não me interessa o que está contratualizado, o que interessa é que os doentes estão no meio e têm de ter acesso aos tratamentos», disse ao “DN” Paulo Alexandre Pereira, presidente da TEM. A suspensão do programa de financiamento, a que Braga tem acesso desde 2009, resulta, afirmou o responsável, do diferendo que existe entre o Ministério da Saúde e o Hospital de Loures, também PPP. O hospital de Loures, PPP gerida pela Luz Saúde, está a reclamar junto do tribunal arbitral o pagamento de cinco milhões de euros, por parte do Ministério da Saúde, pelo tratamento em ambulatório de doentes com VIH. Em causa está o acesso ao programa de financiamento que os hospitais do SNS têm direito e que até ao momento o hospital de Braga também recebia. O mecanismo de resolução de litígios está previsto no contrato de gestão. Segundo o relatório de contas da Luz Saúde os encargos com estes tratamentos foram de 2,1 milhões em 2014 e 2,9 milhões de euros no ano passado. «Loures não tem e o ministério acaba com o financiamento nas outras PPP e deixa os doentes em risco de ficar sem acesso a medicamentos inovadores. Mas mantém o financiamento nos restantes hospitais do SNS. E há cerca de 10% dos doentes com esclerose – entre 35 a 40 – que podem ficar sem tratamento ou de ter de deixar o hospital de Braga porque não fazem parte da área de influência. O ministério está a fazer discriminação e está a enganar-nos porque o doente não pode escolher o hospital», afirmou. Durante a tarde, a TEM reuniu com a administração do hospital de Braga, gerido pelo grupo Mello, que terá admitido que seria difícil responder a todos os doentes que são de fora da área da influência. Ao “DN”, o hospital de Braga confirmou que «o Ministério da Saúde interrompeu o acesso ao Programa de Financiamento de doentes com VIH e esclerose múltipla no hospital». «É uma situação inesperada para a qual estamos a tentar encontrar soluções. Tudo faremos para que a saúde das populações não seja posta em causa, estando para isso em permanente contacto e articulação com o Ministério da Saúde», acrescentou. |