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FNAM: Médicos portugueses estão «exaustos»

16 de Março de 2015

Nídia Zózimo, membro da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), defendeu que muitos profissionais estão completamente «exaustos» e que os conflitos e agressões não podem ser dissociados deste problema.

«As agressões acontecem porque não há prevenção, nem no local de trabalho, nem no modo como a tutela nos trata», confessou Nídia ao “Público”.

O problema, agora, é que os médicos sentem-se «tão humilhados e maltratados que já nem se zangam», e este é um dos sinais de burnout (síndrome de exaustão emocional e física crónicas). «O ambiente já não é de zanga, mas sim de desânimo. Os profissionais percebem que a situação não muda e muitos vão-se embora»,  sintetizou Nídia, para quem o mais importante é «criar condições de trabalho para que os profissionais não entrem em burnout».

O problema do burnout não é de agora. Em 2010, a Ordem dos Médicos (OM) criou mesmo um grupo de trabalho por estar preocupada com os casos de exaustão percecionados e decidiu lançar um estudo nacional para ter uma ideia da real dimensão do problema. Mas o estudo acabou por não avançar porque ficava muito dispendioso, explicou Nídia, que integra este grupo da OM e continua empenhada em avançar com a investigação, apesar de o fenómeno ser difícil de estudar porque muitos profissionais o negam devido ao estigma. «Os médicos são treinados para tratar, não para ser tratados», ensaia, em jeito de explicação.

O retrato que traça do estado a que alguns médicos chegaram é preocupante. Mesmo não havendo dados rigorosos, sabe-se que esta classe profissional tem taxas de divórcio e de suicídio superiores à média, lembrou. «Muitos profissionais automedicam-se com antidepressivos», acrescentou.